O Dr. Cluny, no prós e contras, como quem chove mas não molha, verteu sobre o ministro uma idéia corrente, a de que a ofensiva governamental encabeçada, quanto à justiça, pelo respectivo ministro, seria uma retaliação pela forma actuante das magistraturas no combate ao crime, crime esse que, nos casos mais mediáticos, se situa em contextos políticos e politico-partidários ou envolvendo figuras políticas.
O ministro indignou-se e sentiu-se ofendido.
Em semelhante situação eu também me sentiria ofendido e qualquer um de nós ficaria ou demonstraria ter ficado ofendido.
Acontece que quem não quer ser lobo não lhe veste a pele.
As medidas governamentais contra os juízes, os magistrados do Ministério Público e os Funcionários Judiciais - medidas essas que na sua totalidade atingem o seu estatuto profissional - bem como a peregrina medida sobre a redução das férias judiciais ao invés de acabar com elas, não estão explicadas, ou estão ilogicamente e irracionalmente explicadas, ou, como no caso da férias judiciais, foram explicadas com a acusação implícita e a justificação explícita de que os juízes não trabalham, pois que bastava aquela redução para se aumentar a produtividade.
Toda essa ofensiva sem explicação coerente e racional deixa amplo espaço à imaginação, em busca da verdadeira motivação.
Ora, se o ministro quer ser sério, ao menos que pareça sério!
Como a mulher de César: Não basta ser séria, é preciso que pareça séria.
Além do mais, o ministro tem a obrigação de explicar com racionalidade as medidas que toma, sob pena de ser um verdadeiro ditador confortavel e arrogantemente sentado numa dita maioria.
1 comentário:
Fantástica questão!
Nunca tinha pensado nisso...
Aliás, induziu-me logo uma outra: Quem nos garante que não é o sol que anda em torno da terra? Afinal é isso que eu, neste caso, até vejo todos os dias!!!
Tch, tch, tch...
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