segunda-feira, agosto 13, 2007

COMO MEMORAR

- Quem?!
- Torga, isabelinhapirilau, Torga!
- Tosga? Hic! Caganda maluca!
- Ó qrida! Ó isabelinhapiripau, qrida! Olhe pra mim, vá: TORGA! Cem anos do seu nascimento, tá a ver?! TORGA!
- Pois... hic... TOSGA! Hic...
-FOSCA-SE...

PROPAGANDA = CRER PARA VER

Quem ouve o ministro primeiro nas suas faladuras moles não o leva preso.
Não que ele não carecesse do mesmo remédio que receita à maioria dos Portugueses, aprisionados nas malhas de uma governação cuja razão assenta na força do seu autoritarismo e obstinação e na superioridade moral de uma prática e discurso hegemónicos tanto quanto balofos.
E todavia...
E, todavia, o seu discurso situa Portugal e os Portugueses no melhor dos mundos, no melhor dos caminhos, na melhor das vias rumo à... à... ao... sei lá... a qualquer lado...

Cego é aquele que não quer ver.
Embora eu acredite que o fulano nada tem de cegueira desse tipo.
É, isso sim, um sabidolas tecnocrata e obstinado, com um brinquedo novo.

As pessoas, se já não eram, passaram a ser meros números, mera estatística, carne para canhão.
O bem-estar social e pessoal está totalmente afastado da decisão política.
Os critérios economicistas prevalecem em todos os sectores, em todas as situações.

O que permite depois a políticos sem vergonha vir a público brilhar em discursos de cínica indignação quando se descobre, por exemplo entre muitos outros de semelhante índole, que o Estado obriga pessoas em estado de saúde terminal ao trabalho inumano até à hora da morte, negando-lhes os mais basilares direitos sociais que o Estado de Direito parece garantir-lhes do ponto de vista constitucional e legal.

Se medido em termos de salários médios, a qualidade de vida dos Portugueses situa-se 40% abaixo da média europeia.

É quase metade da média europeia.

Porventura é uma questão estrutural: Como já anteriormente aqui sugeri, provavelmente os Portugueses, enquanto povo supostamente competente para se autoguindar na vida, estão nos limites da sua competência; Da sua competência de organização, de trabalho, de realização, de empenhamento; E também da sua competência para a autogovernação, ou seja, para produzirem e elegerem, no respeito pelo regime democrático, aqueles que melhor podem servir a causa pública.

Sem querer ser negativista, de nada vale a autoconfiança e o discurso positivo.
Rápidamente são ultrapassados pela dura realidade.
Resta a alienação.

Aproveitemos, pois, o resto da alienação de Verão.
Deixemos que apenas o Setembro nos devolva a realidade.

Depois virá o Natal e o barulho das luzes deixará a todos muito felizes, ou quase todos... ou muitos... bem... alguns... ou..., bem, pelo menos uns tantos... enfim...

Até lá, creiam, caros amigos, creiam.
Para poder ver!

Se alguém tiver dúvidas de como isso se faz, que vá a uma sessão da Igreja Universal e verão!

Aliás, disseram-me que o ministro primeiro foi ao Brasil fazer um workshop, ministrado pela dita Igreja.

Há, pois, boas probabilidades de passarmos a ver paralíticos a andar e gagos e fanhosos com supremos dotes de oratória.
Não nas ruas, mas no discurso político.