terça-feira, junho 15, 2010

ARREPIA PENSAR NOS DANTAS (OS DA METÁFORA) QUE POR AÍ ANDAM, INDA HOJE! OU TALVEZ HOJE MAIS DO QUE NUNCA!

MANIFESTO ANTI-DANTAS

(excerto)







Basta pum basta!!!



Uma geração que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um coio d'indigentes, d'indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero!



Abaixo a geração!



Morra o Dantas, morra! Pim!



Uma geração com um Dantas a cavalo é um burro impotente!



Uma geração com um Dantas ao leme é uma canoa em seco!



O Dantas é um cigano!



O Dantas é meio cigano!



O Dantas saberá gramática, saberá sintaxe, saberá medicina, saberá fazer ceias pra cardeais, saberá tudo menos escrever que é a única coisa que ele faz!



O Dantas pesca tanto de poesia que até faz sonetos com ligas de duquesas!



O Dantas é um habilidoso!



O Dantas veste-se mal!



O Dantas usa ceroulas de malha!



O Dantas especula e inocula os concubinos!



O Dantas é Dantas!



O Dantas é Júlio!



Morra o Dantas, morra! Pim!



O Dantas fez uma soror Mariana que tanto o podia ser como a soror Inês ou a Inês de Castro, ou a Leonor Teles, ou o Mestre d'Avis, ou a Dona Constança, ou a Nau Catrineta, ou a Maria Rapaz!



E o Dantas teve claque! E o Dantas teve palmas! E o Dantas agradeceu!



O Dantas é um ciganão!



Não é preciso ir pró Rossio pra se ser pantomineiro, basta ser-se pantomineiro!



Não é preciso disfarçar-se pra se ser salteador, basta escrever como o Dantas! Basta não ter escrúpulos nem morais, nem artísticos, nem humanos! Basta andar com as modas, com as políticas e com as opiniões! Basta usar o tal sorrisinho, basta ser muito delicado, e usar coco e olhos meigos! Basta ser Judas! Basta ser Dantas!



Morra o Dantas, morra! Pim!



O Dantas nasceu para provar que nem todos os que escrevem sabem escrever!



O Dantas é um autómato que deita pra fora o que a gente já sabe o que vai sair... Mas é preciso deitar dinheiro!



O Dantas é um soneto dele-próprio!



O Dantas em génio nem chega a pólvora seca e em talento é pim-pam-pum.



O Dantas nu é horroroso!



O Dantas cheira mal da boca!



Morra o Dantas, morra! Pim!



O Dantas é o escárnio da consciência!



Se o Dantas é português eu quero ser espanhol!



O Dantas é a vergonha da intelectualidade portuguesa!



O Dantas é a meta da decadência mental!



E ainda há quem não core quando diz admirar o Dantas!



E ainda há quem lhe estenda a mão!



E quem lhe lave a roupa!



E quem tenha dó do Dantas!



E ainda há quem duvide que o Dantas não vale nada, e que não sabe nada, e que nem é inteligente, nem decente, nem zero!



(...)

E fique sabendo o Dantas que se um dia houver justiça em Portugal todo o mundo saberá que o autor de Os Lusíadas é o Dantas que num rasgo memorável de modéstia só consentiu a glória do seu pseudónimo Camões.



E fique sabendo o Dantas que se todos fossem como eu, haveria tais munições de manguitos que levariam dois séculos a gastar.



Mas julgais que nisto se resume literatura portuguesa? Não Mil vezes não!



Temos, além disto o Chianca que já fez rimas prá Aljubarrota que deixou de ser a derrota dos Castelhanos pra ser a derrota do Chianca.



E as pinoquices de Vasco Mendonça Alves passadas no tempo da avózinha! E as infelicidades de Ramada Curto! E o talento insólito de Urbano Rodrigues! E as gaitadas do Brun! E as traduções só pra homem do ilustríssimos excelentíssimo senhor Mello Barreto! E o frei Matta Nunes Moxo! E a Inês Sifilítica do Faustino! E as imbecelidades do Sousa Costa! E mais pedantices do Dantas! E Alberto Sousa, o Dantas do desenho! E os jornalistas do Século e da Capital e do Notícias e do Paiz e do Dia e da Nação e da República e da Lucta e de todos, todos os jornais! E os actores de todos os teatros! E todos os pintores das Belas-Artes e todos os artistas de Portugal que eu não gosto. E os da Águia do Porto e os palermas de Coimbra! E a estupidez do Oldemiro César e o Dr. José de Figueiredo Amante do Museu e ah oh os Sousa Pinto hu hi e os burros de cacilhas e os menos do Alfredo Guisado! E (o) raquítico Albino Forjaz de Sampaio, crítico da Lucta a quem Fialho com imensa piada intrujou de que tinha talento! E todos os que são políticos e artistas! E as exposições anuais das Belas-Arte(s)! E todas as maquetas do Marquês de Pombal! E as de Camões em Paris; e os Vaz, os Estrela, os Lacerda, os Lucena, os Rosa, os Costa, os Almeida, os Camacho, os Cunha, os Carneiro, os Barros, os Silva, os Gomes, os velhos, os idiotas, os arranjistas, os impotentes, os celerados, os vendidos, os imbecis, os párias, os ascetas, os Lopes, os Peixotos, os Motta, os Godinho, os Teixeira, os Câmara, os diabo que os leve, os Constantino, os Tertuliano, os Grave, os Mântua, os Bahia, os Mendonça, os Brazão, os Matos, os Alves, os Albuquerques, os Sousas e todos os Dantas que houver por aí!!!!!!!!!



E as convicções urgentes do homem Cristo Pai e as convicções catitas do homem Cristo Filho!...



E os concertos do Blanch! E as estátuas ao leme, ao Eça e ao despertar e a tudo! E tudo o que seja arte em Portugal! E tudo! Tudo por causa do Dantas!



Morra o Dantas, morra! Pim!



Portugal que com todos estes senhores conseguiu a classificação do país mas atrasado da Europa e de todo o Mundo! O país mais selvagem de todas as Áfricas! O exílio dos degredados e dos indiferentes! A África reclusa dos europeus! O entulho das desvantagens e dos sobejos! Portugal inteiro há-de abrir os olhos um dia - se é que a sua cegueira não é incurável e então gritará comigo, a meu lado, a necessidade que Portugal tem de ser qualquer coisa de asseado!



Morra o Dantas, morra! Pim!





José de Almada Negreiros

Poeta d'Orpheu

Futurista E Tudo

1915

domingo, junho 13, 2010

NATUREZA HUMANA OU ACULTURAÇÃO DO CHICO-ESPERTISMO NUMA TERRA DE CEGOS?

Haverá a possibilidade de a sociedade portuguesa e, nela, cada um de nós tomar consciência de que a via de solução para o país é, desde logo, ter cidadãos axiologicamente orientados à vivência em sociedade, ter pessoas melhor formadas, com verdadeiros e reais valores humanos e civilizacionais?

Não creio, pelo menos a curto e médio prazo.

A razão é óbvia: É trabalho de gerações.

E mesmo aí, só haverá resultados a longo prazo no caso de alguém, por exemplo as famílias (cada família) e a escola (o poder político) tomar a decisão de mudar o paradigma da educação pública.

No entanto, mesmo nesse cenário mais alargado, tal solução não vingará.

Como já anteriormente disse, a tendência será, estou convencido, a de ir vivendo iludindo a vida, com uma chico-espertice aqui, um desenrascanço ali...

Mas essa não me parece a melhor forma de transformar o país num país de alguma felicidade colectiva, de oportunidades para todos e de repartição dos encargos e dos rendimentos de uma forma justa e equilibrada.


Todavia, que outra solução existe?

Não podemos contar com a classe política e dos interesses subterrâneos qu estes representam, pois eles são não apenas parte do problema, mas essencialmente O PROBLEMA!!!

Esta GENTALHA pretende apenas colocar um país inteiro a trabalhar para um pequeno grupo do qual emergem e para o qual voltam depois do assalto à coisa pública.

Estaremos condenados à chico-espertice e ao desenrascanço como modus vivendi?

A sociedade civil terá de reagir e, nela, serão os jovens a dizer a primeira e a última palavra.

A questão é "como fazê-lo?"

Creio que ninguém sabe.

Mas se houver massa crítica suficiente para tal, todos o saberão num dado
momento.

É essa a nossa última esperança.

quinta-feira, junho 10, 2010

DIA DE PORTUGAL

Discurso de Sua Excelência o £§¨+*&$$$$$$:

- Blá, bla, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá...

Tem a palavra o Senhor Primeiro-£££££££££$$$$$$$$$$$$$$$$$$:

- Blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá...


Senhor António Manuel Policarpo, 45 anos, Soldador Profissional, desempregado:

- [silêncio]


Senhora Maria Justina Policarpo:

- Então... vá lá... não fiques assim...


Tonito Júnior, 9 anos, filho:

- Ó mãe... nós hoje... jantamos?...