terça-feira, janeiro 17, 2006

TEORIA DE MASLOW

Teoria de Maslow - A Hierarquia das Necessidades
A teoria de Maslow é conhecida como uma das mais importantes teorias de motivação.
Para ele, as necessidades dos seres humanos obedecem a uma hierarquia, ou seja, uma escala de valores a serem transpostos.
Isto significa que no momento em que o indivíduo realiza uma necessidade, surge outra em seu lugar, exigindo sempre que as pessoas busquem meios para satisfazê-la.
Poucas ou nenhuma pessoa procurará reconhecimento pessoal e status se as suas necessidades básicas estiverem insatisfeitas.
Maslow apresentou uma teoria da motivação, segundo a qual as necessidades humanas estão organizadas e dispostas em níveis, numa hierarquia de importância e de influência, numa pirâmide, em cuja base estão as necessidades mais baixas (necessidades fisiológicas) e no topo, as necessidades mais elevadas (as necessidades de auto realização):


No topo = necessidades de auto realização
Nível superior = necessidade de status e estima
Nível intermédio = necessidades sociais (afecto)
Nível inferior = necessidades de segurança
Nível de base = necessidades fisiológicas

De acordo com Maslow, as necessidades fisiológicas constituem a sobrevivência do indivíduo e a preservação da espécie: alimentação, sono, repouso, abrigo, etc.

As necessidades de segurança constituem a busca de protecção contra a ameaça ou privação, a fuga e o perigo.
As necessidades sociais incluem a necessidade de associação, de participação, de aceitação por parte dos companheiros, de troca de amizade, de afecto e amor.
A necessidade de estima envolvem a auto apreciação, a autoconfiança, a necessidade de aprovação social e de respeito, de status, prestígio e consideração, além de desejo de força e de adequação, de confiança perante o mundo, independência e autonomia.
A necessidade de auto realização são as mais elevadas, de cada pessoa realizar o seu próprio potencial e de auto desenvolver-se continuamente.

Tudo isto para dizer o seguinte:

1º: Não tenho a obrigação nem a pretensão de ser abrangente neste blog ou de realizar aqui uma plataforma de discussão de temas da justiça, sem contudo excluir que o possa fazer pontualmente;

2º: O resto é explicado pela teoria de maslow, que acima relembrei aos mais distraídos.

Por isso, caro amigo Fraga (este post é-lhe dedicado) quando diz que a minha "perspectiva da profissão está limitada à expectativa da progressão económica da carreira" não anda longe da verdade: Estando próximo do nível básico (com o perdão daqueles que verdadeiramente lá estão!) como posso elevar-me às estratosferas intelectuais? Percebe?

Obrigado pela visita.
(p.s.: Visitei e gostei do que já escreveu no seu blog. Continue. Abraço)

segunda-feira, janeiro 16, 2006

HIPER-JUÍZES

Se não acreditarem nesta, eu compreendo.
Eu não acreditaria, se fosse S. Tomé.

Já toda a gente sabe que os juízes dos TAF (a quase totalidade, ou seja, 83 deles) são juízes de círculo de facto, estatutariamente juízes de direito, e juízes estagiários para efeitos remuneratórios.

Os TAF são (eram) presididos por juízes conselheiros (obviamente do STA).
Por jubilação uns, quiçá por saturação outros, vão-se afastando.
Vai daí, o CSTAF deliberou no sentido de a presidência dos TAF ser exercida em rotatividade pelos juízes de cada Tribunal. Até aqui tudo bem.

O pior (ou o melhor!) é que, assim, em Portugal há tribunais de círculo, providos com juízes de direito, que têm um vencimento de juízes estagiários e que... são presidentes do tribunal (além de presidirem aos colectivos, obviamente).

Que outro país do mundo tem juízes tratados como estagiários que simultâneamente são os presidentes dos próprios tribunais? Hã! HÃ!

Em tempos disse aqui que estes juízes eram evidentemente encarados como super-juízes.

Sou obrigado a rever esse apodo: Vencida a Kryptonite da presidência, já não são super juízes

It's a bird! It's a plain! São HIPER juízes!!!

O pior é se alguém acredita nisso...

quarta-feira, janeiro 11, 2006

UM BEM HAJA A TODOS

Criado em Setembro último, quase sem dar por isso diz o contador lá no fundo da página que este blog teve já 12.100 visitas!!!
É muita visita para um muro de lamentações e umas biscas maledicentes.
Um bem haja a cada um de vós.

terça-feira, janeiro 10, 2006

ANTI-MATÉRIA

Li um dias destes algo sobre a anti-matéria.
Parece (sem querer ofender a respectiva ciência) que à matéria corresponde neste nosso universo uma contraposta antimatéria.
Parece também que se construiu até um equipamento específico para aquilatar dessa anti-matéria.
Tudo escusado. Digo eu. Há um 'case study' ao vivo e a cores (enfim, já muito pardacentas).
Basta olhar para Portugal e ver como, lenta mas paulatinamente, passa de matéria a anti-matéria.
Se isto a que assistimos não é um processo de extinção em curso, então não sei o que isso será.
Digo extinção por isto: Embora não creia que se extinga por completo, pois sempre permanecerá uma larga maioria em estado vegetativo a suportar o alto estilo de vida de uma pequena minoria, isso já não corresponde a uma vida normal, equilibrada, justa e partilhada de uma sociedade.
Portugal, de resto, evoluiu muito no sentido da anti-matéria: Andava meio mundo a enganar o outro meio; Agora anda todo o mundo a trabalhar para uma corja minoritária travestida de pessoas de bem.
Enquanto isso, andam por aí uns palhaços a fingir que sabem o sentido e o valor da palavra democracia com que enchem os dentes.
Incólumes e serenos.
Porquê?
Porque estão sentados no confortável cadeirão da "legitimidade democrática"!
É mais um aspecto da metamorfose.
Da matéria "legitimidade democrática" passa-se, tão serenamente que quase ninguém nota, à anti-matéria, ou seja, ao "autoritarismo democrático, democraticamente legitimado".
Todavia, há quem veja em tudo isto um copo meio cheio.
Outros vêm um copo meio vazio.
Eu, que vegeto, que rastejo, vejo o copo completamente vazio.
No entanto, o meu último pensamento vai para aqueles que verdadeiramente nada têm, nem sequer trabalho.
Poderíamos tentar encontrar os verdadeiros culpados desta situação, por exemplo, no Alaska.
Ou na Austrália.
Mas creio que nem uns nem outros terão culpas. Pelo menos, directamente.
O culpado poderia até ser o Ti' Manel das Lagariças, ali das Beiras.
Mas não.
Mesmo o Zezinho Mão-leve da Buraca não me parece ter culpas no cartório.
Aliás, porquê procurar longe se se sabe que quem governa (?) a coisa pública se senta em S. Bento e em cada uma das autarquias deste país?
Pois é: Ali estão os verdadeiros culpados.
Mas olhem para eles: Como se nada fosse.
Enchem a boca de democracia, comem-na ao pequeno almoço.
E a carneirada lá vai depositar o seu votozinho, o "grande poder do povo"(!!!).
Quando é que esta sociedade se organiza para exigir responsabilidades a quem tem verdadeiramente a responsabilidade pelo estado miserável deste país?

segunda-feira, janeiro 02, 2006

(SEM TÍTULO)

Contrariamente ao que certos ministros pensam ou ignoram, e a maioria da população julga, estive e continuo ao trabalho, no tribunal, embora o período seja de "férias judiciais".
- Sr. dr. está lá fora uma pessoa que deseja falar-lhe. É por causa de um processo. É o autor.
- Pois, já sabe que não dialogo com as partes sobre os processos. Qual é o número?
- ...
- Ora, deixe-me ver. Bom, segundo o meu plano [de gestão por objectivos], vai ser despachado na 3ª ou 4ª semana deste mês. Depende dos urgentes...
-Posso dizer-lhe isso?
-Diga.
(...)
-Sr. dr., dá-me licença? é só para lhe dizer que o senhor ficou tão contente...! Coitado.
-Ainda bem.

Nestas alturas é maior a consciência de que na outra ponta do novelo intrincado que é o processo há alguém com a "vida", em maior ou menor grau, suspensa da minha decisão.

Isso dá-me ânimo para continuar.

Aliás, neste momento é o único ânimo.

E porque este blog é também um espaço terapêutico, e não tenho "tempo" para ir ao dr. Salvador da Cuca, lá vai desabafo:

a) Sou juiz da jurisdição administrativa (juiz de direito, portanto, e não juiz administrativo como por vezes por aí se diz, que, aliás, é coisa que não existe);

b) Após o CEJ, terminei o estágio em 31/12 de 2003 (e três, sim);

c) Em 1 de Janeiro de 2004 fui nomeado juiz em efectividade de funções;

d) Hoje são 2 de Janeiro de 2006;

e) E o meu vencimento é ainda o de um juiz estagiário!

Em 2002, aquando da realização dos exames ao CEJ ninguém poderia imaginar tal situação.

Naquela altura, contas feitas, assumiu-se o risco de temporariamente se ter vencimento bastante inferior ao da situação anterior.

O que ninguém poderia prever foi o que de seguida se passou: Sucessivas mudanças das regras do jogo, com o jogo a decorrer.

Evidentemente que o meu (e de mais 82 juízes) pequeno drama não se compara ao drama que o país atravessa.

Não! Não estou a falar da crise. Essa será ultrapassável.

Falo da incompetência, da corrupção, da mentira, do clientelismo, da subversão, do autoritarismo, da derrogação dos princípios basilares da democracia.

No entanto, o pequeno drama destes 83 juízes é, para cada um deles, um grande drama.

Como não podem exercer qualquer outra actividade remunerada, apenas contam e podem contar com o seu vencimento. De estagiário.

As funções de juiz são extremamente exigentes (e sublinho extremamente).

Os juízes da jurisdição administrativa julgam e presidem a tribunais colectivos desde o primeiro dia e julgam todo o tipo de causas pendentes nestes tribunais, que, aliás, são tribunais de círculo.

Pelas mãos destes juízes passa todo o contencioso administrativo e o tributário.

As Otas e os TGV's hão-de gerar contencioso e, sim, também esse nos cairá nas mãos.

São funções de extrema exigência e de extrema responsabilidade.

É verdadeiramente muito pesado.

Todavia, se um trolha (com todo o respeito) trabalhar tantas horas por dia como eu trabalho (cerca de 12/13 horas de segunda a quinta e 8 horas à sexta), terá um vencimento mensal muito superior ao meu (ainda bem para ele).

Já não falo de vexame, de dignidade, de estatuto, eu sei lá!

Falo apenas daquilo com que se compram os melões.

No meu caso pessoal, vou no terceiro empréstimo, ou melhor, é a terceira vez que vou ao banco pedir dinheiro emprestado.

Para trocar de carro? Um televisor? Ir de férias? ...?

Não! Não! Não!

Apenas para viver o dia a dia: supermercado, pronto-a-vestir, talho, escola, sapataria...

(livros? Jornais? Revistas? Teatro? Cinema? Opera? Eventos culturais a mais de 4,99€ por cabeça? Não, muito obrigado. Como se sabe, eu não consumo artigos, produtos e serviços de luxo).

Mas, como não posso continuamente endividar-me mais e mais, tive uma idéia fabulosa: Tenho um apartamento e vou vendê-lo. Talvez com as sobras das mais-valias, consiga sobreviver mais uns meses.

É verdade! Juro que é verdade!

Vou vender o apartamento para poder viver.

E tudo isto porquê?

Porque sou cobarde!

Não fôra eu cobarde e mandava tudo isto à merda!

Mas tenho sempre uma boa desculpa: "os miúdos..."; " "blá, blá blá..."; "nhã, nhã, nhã...".

Neste aspecto, acho que vou hibernar; Enrolado na minha cobardia.

No mais, valem-me as pessoas do outro lado do novelo...

E este blog... ou seja, vossemecês.