terça-feira, outubro 31, 2006

A CAVE DO SUBTERRÂNEO

Embora completamente a despropósito, pois nem sei como agora me lembrei disto, deixem-me que lhes diga que não lembraria ao diabo justificar o não cumprimento da lei em matéria de financiamento por banda dos partidos políticos (e foram todos, porque nesta matéria há unanimidade partidária) com pérolas do tipo:
"são meras irregularidades";
"a lei é muito recente e por isso...".

Também houve quem dissesse que "os partidos têm algumas dificuldades em fazer a consolidação das contas"...
Pois é... porque será??

A minha preferida, todavia, é esta:
"A lei do financiamento das campanhas eleitorais é uma lei muito rigorosa e mais difícil de cumprir do que as anteriores".

Tsch, tsch... que chatice!!

No fundo, no fundo, eu sabia que algum cidadão português haveria de encontrar uma boa justificação para, por exemplo, não pagar impostos.

Na minha próxima declaração de rendimentos nada vou declarar.
Vou apenas invocar o rigor da lei fiscal e a enorme dificuldade que tenho em cumpri-la.

Espero obter o mesmo benefício, evidentemente.

Houve ainda quem dissesse que "concorda que todas as contas devem ser transparentes, claras e rigorosas e está a fazer tudo, do ponto de vista interno, para que a lei possa ser aplicada convenientemente".

Assim, sim.

Ficamos a saber que "para que a lei possa ser aplicada convenientemente" os partidos políticos concordam com a transparência, a clareza e o rigor das contas partidárias.

Meus amigos, há um novo requisito de validade e eficácia da lei: A concordância partidária.

Portanto, agora é assim: Aprovação pelo PAR, promulgação do PR, referenda do PM e concordância partidária!

Podemos dormir descansados!

O SUBTERRÂNEO

Meus amigos, a corrupção profunda, neste país, não pode ser combatida directamente.

Falta de meios?
Falta de vontade política?
Falta de reivindicação de cidadania?
Falta de ...

Não, não e não e não!

Apenas por um único e singelo motivo:

A corrupção neste país é do tipo insidioso!

É uma corrupção difusa de tipo insidioso!

Não há maneira de a combater directamente.

Especialmente porque ela vem, em regra, travestida de legalidade formal, com pezinhos de lã.

E, em regra também, traduz comportamentos por todos nós aceites como "normais".

É um je ne sais quoi.

Ce je-ne-sais-quoi, si peu de chose qu’on ne peut le connaître, entranha-se até aos ossos da coisa pública e suga-lhe o tutano.

O nosso tutano.

Enfim...

quinta-feira, outubro 26, 2006

SE BEM QUE NEM POR ISSO NEM POR TÃO POUCO

Ok! Ok!
Já percebi!

Ou me dedico aqui aos jogos florais ou fico sem "clientela"...

Sim, porque isto de zurzuir nas orelhas do poder não traz popularidade a ninguém, especialmente perante políticos de tão elevada... elevada... firmeza! Isso! Firmeza e capacidade para... para... para, brava e corajosamente, bater na cabeça dos pequenos e nas costas dos grandes.

Mas, agora reparo, lá vou eu novamente!

Chiça!

Já chega!!!

Até porque houve em Portugal quem se tivesse dado muito bem na vida, sem um tostão furado.

Para o provar e para desanuviar, embarcando desde já na cena-dos-jogos-florais-interessantes-que-põem-toda-a-gente-bem-disposta, aqui vai:

SONETO DO EPITÁFIO

Lá quando em mim perder a humanidade
Mais um daqueles, que não fazem falta,
Verbi-gratia — o teólogo, o peralta,
Algum duque, ou marquês, ou conde, ou frade:

Não quero funeral comunidade,
Que engrole "sub-venites" em voz alta;
Pingados gatarrões, gente de malta,
Eu também vos dispenso a caridade:

Mas quando ferrugenta enxada idosa
Sepulcro me cavar em ermo outeiro,
Lavre-me este epitáfio mão piedosa:

"Aqui dorme Bocage, o putanheiro;
Passou vida folgada, e milagrosa;
Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro".

BOCAGE

terça-feira, outubro 24, 2006

CONFISSÃO

Eu devo confessar que o meu verdadeiro nome é... Cândido!
Cândido da Purificação Sonsinho e Aparvalhado, também conhecido por xavier.
Se não é o meu nome, é, pelo menos, como me sinto.
E este blog é a minha manifestação de loucura e de revolta.

Assumidamente excêntrico.
Antes que estoire!
E pensar que milhões de mães pariram milhões de filhos para isto.
"Isto", é a merda em que este país se afunda!

Devo confessar ainda que estoirar aqui permite-me ali (no meu local de trabalho, como também enquanto cidadão) produzir o máximo e o melhor que posso e sei.
Porque disso não abdico!
Eu faço, sempre procurei fazer, proponho-me continuar a fazer, e seguramente farei, a minha parte!
Para que conste...

VÃO MAS É TRABALHAR, PRIVILEGIADOS!!!

A culpa da situação do país, dizem, é dos privilégios e dos privilegiados.

E se os políticos o dizem é porque é verdade!

Aliás, uma boa parte da população papou esta hóstia consagrada à demagogia e sente agora, certamente, profunda satisfação interior por terem sido abençoados na sua pobreza de espírito.


Amén.

Portanto, não subsiste dúvida de que a culpa do estado depauperado do país é:

- dos juízes e dos seus "privilégios", a saber, as férias judiciais (as dos processos, entenda-se, pois as férias das pessoas que trabalham nos tribunais é igual á da restante função pública, mas para piror, já que não podem gozar férias quando querem mas apenas quando a lei permite!) e o sistema de saúde SSMJ que não onerava o Orçamento do Estado. Eram estes (pelo menos foram os únicos "privilégios" atacados pelo Governo) "fabulosos" "privilégios" que derrotavam o país!

- dos médicos e dos seus "privilégios", "privilégios" que eram formas de sustentar um sistema de saúde de administração obsoleta, desajustada e decrépita, incluindo a formação de novos médicos (ou a sua falta!)!

- dos professores e dos seus "privilégios" que são... que são... sei lá, alguns hão-de ser, pois então! Olhem por exemplo, querem ser dignificados enquando professores! Pode lá ser tamanho privilégio!?

- dos reformados com rendimentos de 500 e poucos euros, esses filhos-da-mãe-privilegiados-que-engordam-á-nossa-custa-malandros-e-tal!

- dos deficientes, outra cambada-de-privilegiados-chupistas-malandros-e-assim!

- dos funcionários públicos, especialmente aqueles admitidos para trabalhar sob as ordens de uma hierarquia de quadro inflacionado pela necessidade de os partidos políticos ali colocarem as suas clientelas! Funcionários públicos sim, essa cambada-de-privilegiados-despesistas-que-se-auto-nomearam-indiscriminadamente-e-se-multiplicaram-completamente-à-revelia-das-chefias-que-nunca-realizaram-um-concurso-de-admissão-de-pessoal-na-vida-por-sua-própria-vontade-e-a-mando-sabe-se-lá-de-quem-mas-que-interessava-e-muito-a-certas-clientelas-vejam-lá-os-senhores!!!

- e, já agora, do Josefino Mortalha, esse janado freek das cidades, mas também perdido e achado nas vilas e aldeias, um autêntico "privilegiado", malandro-por-não-ter-aproveitado-as-belíssimas-oportunidades-que-este-país-tanto-se-esforçou-por-alcançar-e-oferecer-a-cada-jovem-nesta-sociedade-justa-e-equilibrada!

Oh! Cristo!
Vem cá abaixo ver isto!

O PAÍS DAS MARAVILHAS - I

Portugal é um país pobre?

Não!

Portugal é um país empobrecido!

Qual a raiz do empobrecimento, grosso modo (e passe o maniqueísmo)?
Os chamados trabalhadores?
Talvez.
Os empresários?
Talvez.
Os políticos dirigentes do país?
Definitivamente, sim!

Os trabalhadores já provaram que sob a batuta adequada produzem e bem, tal como os estudantes estudam e obtêm resultados, como se verifica, em regra, com os nossos emigrantes espalhados por este mundo.
Não me parece que sejam eles, ou exclusivamente deles, a culpa da crise.

Os empresários, na pureza dos seus empreendimentos, dos seus negócios, também se não afiguram responsáveis.
Mas já o serão quando, num jogo de interesses à margem, partilham, fomentam, aceitam, as corruptelas de um sistema que tem primado pelo compadrio, pela chico-espertice, pela subsidiação em detrimento da produção, pela inação em favor da subsidiação ou mesmo em vez da produção, apenas porque nada fazer é também subsidiado.

Os políticos, esses sim, os políticos mais a sua incapacidade, a sua incompetência, as suas clientelas, os seus partidos sempre famintos, os seus jogos de poder, são sem dúvida os grandes responsáveis pela situação do país.

Acredito na democracia, enquanto sistema político moderno capaz e conforme aos valores humanos que as modernas sociedades ditas civilizadas adotam.

No entanto, em Portugal, por fenómenos ainda por explicar pela ciência socio-político-cultural, mas identificáveis nos seus sinais de exteriorização, a governação tem sido desastrosa, favorecendo grupos sociais bem definidos e desfavorecendo outros, num jogo político quantas vezes sujo, corrupto, desvirtuado no seu escopo fundamental, o interesse colectivo ou público.

O actual Governo não foge a essa lógica de desvirtuamento dos valores essenciais da nossa sociedade.

O PAÍS DAS MARAVILHAS - II

Quem paga a crise?

Sendo Portugal um país empobrecido, significa que a maioria da sua população está empobrecida.

Por outro lado, entende o Governo que a economia só pode recuperar com maior investimento privado e correspondente aumento das exportações, ou seja, com criação de riqueza, como de resto qualquer manual elementar de economia consigna.

Vai daí, entendeu por bem colocar sobre os ombros já doridos da maioria (os pobres e os empobrecidos) o pagamento da factura do défice das contas públicas e da crise resultante maxime da sua (des)governação ao longo destes anos de chamada democracia.

Ou seja, o trabalho que pague a crise.

Já sobre as empresas e sobre o capital, pelo contrário, aligeira-se o peso da factura.

Tudo em nome de uma coisa chamada recuperação económica.

Mas não se vislumbra qualquer garantia, ou sequer expectativa de que tal venha a acontecer naquela mesma medida em que é pressuposto de decisão política.

Pelo contrário! Estamos é habituados à chico-espertice nacional, ao compadrio, à dependência de subsídios, benefícos vários, que, também aqui, porventura conduzirão à maximização do desfrute da situação favorável criada, mais do que ao investimento e consequente crescimento do país.

Assim, numa sociedade que é suposto organizar-se em torno de valores como a dignidade da pessoa humana e empenhar-se na construção de uma sociedde livre, justa e solidária, acontece exactamente o contrário:

Os ricos, ou seja, o capital cada vez mais favorecido, com o fundamento do fomento do investimento, da produção e do crescimento.

Os empobrecidos, sem voz e sem vez, a pagarem a crise, não do seu bolso já miserável, mas da sua própria dignidade.

Por algum motivo atendível?

Não!

Apenas porque são em maior número, o que multiplicado por euros dá milhões para tapar os buracos que os políticos abriram!

Com o bónus de não se afrontarem os poderes instalados.

É do caraças!

ÀS VEZES M'AVERGONHO

Em anterior post concluí ser política deste Governo:

O trabalho que pague a crise.
Já sobre as empresas e sobre o capital, pelo contrário, aligeira-se o peso da factura.
Tudo em nome de uma coisa chamada recuperação económica.

Julgará o Governo que é com uma minoria endinheirada que compra produtos importados, mas de recorte económico acima da média e de luxo, e com uma maioria empobrecida que igualmente consome produtos importados, mas da china, julgará o Governo que é assim que recupera a economia?
Será que a massa de pessoas, embora de fracos e médios rendimentos (corresponentes ao rendimento fraco em qualquer outro país europeu), não é também um factor a considerar na recuperação económica?
Ou são apenas o bombo da festa? "Porrada neles, que não servem para mais nada!"
Hoje como ontem, o Zé Povinho é desconsiderado, é maltratado, é espezinhado e os maltratantes, os espezinhantes seguem impávidos e serenos a privilegiar, aqui sim, os que bem entendem, sempre em nome da diminuição do défice das contas públicas e da recuperação económica.
Mais uma vez, medidas contra as pessoas, neste caso, mais grave ainda, porque atinge sobretudo os já de si mais desfavorecidos.
Que vergonha!

sexta-feira, outubro 20, 2006

PÉROLAS DA (DES)GOVERNAÇÃO

Diz o Ministro Correia de Campos:
"A criação da taxa de internamento dará qualquer coisa que não chega a dez milhões de euros.
É muito pouco, mas é simbólico, porque valoriza o acto [médico], responsabiliza o paciente e o prestador.
".

Ficamos, portanto, a saber que a taxa de cerca de 5 euros por dia de internamento não constitui receita decisiva para o bom funcionamento da saúde.

Ficamos também a saber que serve apenas para valorizar o acto médico!!!!

Valorizar o acto médico???????

E para responsabilizar o paciente!!!!!!

Responsabilizar o paciente???????

E responsabilizar o prestador!!!!

Responsabilizar o prestador??????

Alguém me explica como uma taxa de internamento valoriza o acto médico?

O que é "valorizar"?

Ou como responsabiliza o paciente, se nem depende do paciente ficar internado?

Ou como responsabiliza o prestador se o internamento nem sequer é pago por ele? E sendo a receita "simbólica" para o serviço de saúde nem sequer fica onerado com o encargo ao menos "moral" de melhor prestar os cuidados de saúde?

Será que os Portugueses estão todos taralhocos a ponto de "engolirem" estas 'bacoradas'?

Será que o Ministro da Saúde não percebe duas ou três verdades simples?

Primeira: O sistema público de saúde é utilizado por quem tem menores recursos financeiros (quem tem recursos financeiros suficientes não vai para filas de espera em hospitais e afins);

Segunda: Cinco euros por dia de internamento, contabilizando até 14 dias, é muito dinheiro para os orçamentos magros da maioria das pessoas que utilizam o serviço nacional de saúde;

Terceiro: Em contrapartida, essa taxa nem sequer serve para melhorar o serviço de saúde: Diz sua excelência que serve para "valorizar o acto médico"!!! e também para "responsabilizar o paciente"!!! "e o prestador"!!!.

Mas está tudo louco neste país?

E que tal o Primeiro-Ministro e cada um dos ministros deste país, a começar já por este Governo, pagarem uma taxa a cada português com rendimento abaixo do rendimento médio da Irlanda ou da Grécia (que começaram atrás de nós), do seu próprio bolso?

Uma taxa simbólica!

Porque certamente assim se valorizava o acto político e se responsabilizaria o prestador político e o paciente cidadão português!

JORNALEIROS

"...e quando não souberes, calas-te!"
Disse-me o meu avô, com ar grave.

E eu levei aquilo a sério.
No plano institucional, obviamente (percebi anos depois).
Já que em sede de conversa da treta todas as ignorâncias são benvindas, pois dessa conversa são elas a matéria-prima.

Vem isto a propósito da onda de desinformação que se abateu sobre os juízes, os magistrados do Ministério Públco, o sistema de justiça de uma maneira geral, pela mão do actual (des)Governo, logo desde o início.
E ainda hoje, a informação nos media sobre questões de justiça ou sobre casos reais em curso judicial é, em regra, um amontoado de asneiras, de palpites, de 'bitaites', de ignorância confrangedora, enfim, de conversa da treta. Mas na versão sem graça.
Numa outra vertente, esta bem mais sabidolas e com fonte certa, o problema surge quando se pretende vender gato por lebre, ou seja, quando a "ignorância" (passe o eufemismo) vem travestida de rigor informativo, pela pena de jornaleiros (não, não é gralha: jornaleiros = os que andam à jorna).
Como em tudo, não se pode generalizar.
Por isso, vivam os jornalistas deste país. Que os há!

segunda-feira, outubro 02, 2006

DE BOAS INTENÇÕES... ( o texto é duro, mas este blog é excêntrico...)

Finalmente alguém diz o que é preciso dizer sobre a reforma da Administração Pública: "Primeiro temos que saber o que é que queremos que a Administração Pública preste à sociedade. E só depois, saber quais os recursos a utilizar e os locais onde há gente a mais e a menos" (Luís Fábrica in Correio da Manhã de 01/10/2006)

Nem mais!

Questão outra é saber se há cojones para operar essa mudança.

A Administração Pública é uma gigantesca rede de pequenos e grandes poderes, susceptíveis de viabilizar ou paralisar qualquer actividade, qualquer procedimento em curso.

Pode ser, se houver engenho, arte e, sobretudo, VONTADE, uma arma pro desenvolvimento.

Pelo contrário, pode continuar a ser uma ratoeira na qual o desenvolvimento tropeça e cai, se movida por interesses tão escusos quão complexos ou de complexa textura subterrânea.

Quando se descobrir por completo que uma boa parte dos procedimentos e passos procedimentais que a Administração Pública actualmente adopta, embora formalmente no cumprimento de lei substantiva, não são necessários a uma boa administração, logo se perceberá (como já aqui e ali se percebeu) que a primeira linha da reforma da Administração Pública passa pela reforma das leis substantivas (e adjectivas, certamente), daquelas mesmas leis que exigem pareceres, vistos, carimbos, deferimentos, assentimentos, preenchimentos, formulários, cartões, declarações, e mais umas dúzias de outras tantas inutilidades burocráticas que, precisamente, de nada servem mas apenas para a manutenção dos poderes das capelinhas.

Poderes laboriosamente tecidos ao longo de décadas ainda da outra senhora e ao longo de décadas gulosamente aproveitados pelos sucessivos governos ditos democráticos.

Mas, é claro, perspectiva-se haver uma enorme distância entre o que de boa fé e ciência feita diz Luís Fábrica, embora sob encomenda do poder quanto à reforma, e o que o executivo irá previsivel e efectivamente pôr em prática.

A perna será, infelizmente, bem mais curta do que o passo a dar!


É que não estou a ver que de um momento para o outro se despromovam a cabos e sargentos os majores das capelinhas.


Nesta teia que é a Administração Pública, boa parte das suas chefias vive em perfeita simbiose com o poder sufragado.


A governamentalização das estruturas e instituições públicas não é coisa espúria à nossa so called democracia.


E mesmo que
numa parte se alcance uma reforma com a profundidade denunciada por Luís Fábrica, restará previsivelmente uma outra substancial parte, que se destinará, como sempre, aos boys do sistema.

Haverá, pois, uma aparência de reforma.

Tal como tem havido, em inúmeras áreas, entre elas a da justiça, uma aparência de reforma.

Previsivelmente, o Governo colherá a glória de uma dita reforma feita com "grande coragem", contra os "poderes corporativos" e os "privilégios instalados".

Mas, tudo espremido, é limão de onde não sai sumo.

E os Portugueses, que nos últimos tempos parecem não ter coragem para muito mais do que olhar para o seu próprio umbigo, admiram, na sua cobardia, a putativa coragem de um Governo que diz mais do que efectivamente faz, um Governo fanfarrão, sabidolas, capaz de travestir de "reforma de coragem" as mais abstrusas medidas governativas, de que é exemplo uma boa parte do que se vem assistindo na Justiça.

A Administração Pública é um aparelho demasiado precioso para qualquer partido político no governo ou com aspirações a governo, para que seja reconduzida à sua expressão e condição de simples e mera Administração Pública.

Isto digo eu.


Cada um que pense pela e com a sua própria cabeça.