terça-feira, fevereiro 27, 2007

CARTILHA DA MANIPULAÇÃO - 9 - A CULPABILIZAÇÃO

Estratégia da culpabilização.

O jumento político não se inibe, e pelo contrário cultiva, o discurso da culpabilização de todos os outros e do alijamento das responsabilidades.

Assim, o cidadão ruminante é conduzido pela mão à manjedoura da sua infelicidade, da insuficiência da sua inteligência, da sua incapacidade, da sua impreperação, da sua improdutividade.

Coitado!

Não pode haver melhor inibição da revolta e da acção.

O estado depressivo colectivo é um bem precioso nas mãos de veludo do jumento político.

CARTILHA DA MANIPULAÇÃO - 8 - O HIPERBOLIZAÇÃO

A estratégia da hiperbolização.

O jumento político hiperboliza constantemente.

Fá-lo, contudo, de forma sub-reptícia, contundente e no momento próprio.
Assim consegue exagerar os factos do discurso para produzir uma impressão mais forte.

Por exemplo: Existem cerca de um milhão e meio de processos pendentes nos tribunais do país.

Segundo estatística não credível nem verosímil, houve um decréscimo de cerca de 6.500 processos no ano de 2006.

6.500 processos num universo de cerca de 1.500.000 processo é uma gota de água no oceano.


Infelizmente.

Apesar disso, não deixa de haver um discurso hiperbolizado da tão retumbante vitória da... da... da democracia? dos juízes? dos funcionários? dos advogados, não, não, não não!

Da medida sobre a redução das férias judiciais (das quais se dizia haver um ganho de 15%!)!

É evidente a tentativa de imbecilização em curso.

CARTILHA DA MANIPULAÇÃO - 7 - O OBSCURANTISMO

Estratégia do obscurantismo.

O jumento político tudo fará para, ou nada fará para evitar, manter uma boa parte dos cidadãos (os da classe não política e não económica) no obscurantismo.

Quer no que toca à qualidade da educação pública, quer quanto ao acesso a essa mesma educação.

O grau da ignorância é de tal ordem que entre os mais carecidos impera a taxa de maior abandono escolar e entre os mais bem posicionados socialmente impera a de maior sucesso, escolar e na vida pós-escolar.

A igualdade de oportunidades é uma miragem.

O resultado é um Estado e uma Sociedade em que uns quantos, muito bem formados e informados, aconchegados e apadrinhados, ocupam todos os cargos de topo, enquanto a maioria é mantida no obscurantismo, julgando embora ter poder, pelo exercício do "direito e dever cívico" do voto.

E porque não se muda este estado de coisas?

Porque entre a prateleira de baixo e a prateleira de cima há uma barreira.

E essa barreira é composta por organizações elitistas, dominadas pela respectiva nomenclatura: Os partidos políticos.

É, pois, conveniente manter na ignorância e no disparate a parte maior dos cidadãos ruminantes, silentes comedores de palha.

Porquê? Porque são a maioria. Com direito a VOTO.

Quanto mais se mantiverem num obscurantismo e ignorância mais manipuláveis são.

CARTILHA DA MANIPULAÇÃO - 6 - O CHORADINHO

Estratégia do choradinho.

O jumento político, especialmente em países, como o nosso, de gente emotiva, faz apelo ao emocional, de preferência ao racional.

O plano emocional, em oposição ao racional, é o plano ideal para a sementeira de ideias, medos, desejos, pulsões, comportamentos...

CARTILHA DA MANIPULAÇÃO - 5 - A IMBECILIZAÇÃO

Estratégia da imbecilização.

O jumento político dirige-se aos cidadãos como se cada um deles fosse um imbecil.

Ou como se tivesse 10 anitos.

O tom infantilizador do discurso político é uma arma utilizada na razão directa do engano a perpetrar.

A imbecilização e infantilização do cidadão por via de discursos imbecilizadores e infantilizadores suscitam nos cidadãos uma resposta tão destituída de sentido como aquela que é susceptível de ser produzida por um imbecil ou um infante de 10 anos perante problemas sérios e complexos.

CARTILHA DA MANIPULAÇÃO - 4 - O DIFERIMENTO

A estratégia do diferimento.

O jumento político sabe que a melhor maneira de fazer aceitar pelos cidadãos as medidas impopulares ou ablativas de direitos é a obtenção, no presente, de concordância na aplicação, no futuro, das medidas apodadas de dolorosas mas necessárias.

É a história dos "encontros com a história".

É a história das inevitabilidades, do "se nada fizessemos, então seria o caos!".

É mau?
É bom?

Nem uma coisa nem outra.

É preciso apenas ter consciência do facto para que, embora virados para manjedoura, não sejamos uns perfeitos ruminantes.

CATILHA DA MANIPULAÇÃO - 3 - O ESBATIMENTO

Estratégia do esbatimento.

O jumento político é paciente e sub-reptício.

Por isso, usa frequentemente pezinhos de lã.

Pacientemente, vai implementando de forma gradual, e por vezes aparentemente desconexa, medidas que fazem parte de uma realidade nova que se fosse implementada de uma só vez originaria grandes contestações e pura repulsa.

É o caso em curso na Justiça.

Com medidas graduais e avulsamente tomadas (aparentemente) vai-se implementando um novo paradigma que resultará na sujeição do poder judicial ao poder político, pela via mais ínvia e camuflada, travestida embora de legalidade e conformação constitucional.

CARTILHA DA MANIPULAÇÃO - 2 - SEMEAR PARA COLHER

Estratégia da sementeira

O jumento político pretende impôr mutações não pacíficas ou de ataque a certos grupos de cidadãos ou profissionais, etc.

Como fazer?

Inicia o ciclo v.g. pela descredibilização, por exemplo, dos juízes, afronta os médicos, menoriza e insulta os professores, gere ou deixa que sejam geridos mal e porcamente fundos públicos, etc, etc.

Pode criar uma crise, económica, social, política, etc, ou deixar que se crie.

Depois?

Depois é só implementar o, agora, mal necessário como solução e proceder ao recuo dos direitos sociais ou ao desmantelamento das estruturas do Estado de Direito, jus-políticas, sociais, etc, sem problemas de maior.

Os cidadãos, longe já dos factos originários do problema, papam a papa sem papas e pás: Manjedoura, virados para a parede, que é a postura dos cidadãos mais conveniente ao jumento político!

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

CARTILHA DA MANIPULAÇÃO - 1 - A DIVERSÃO

A estratégia da diversão

O jumento político é um chico-esperto com os bolsos cheios; também de estratégias.

Como forma de controle social a estratégia da diversão mais não é do que o desviar da atenção dos cidadãos das questões importantes e das mutações introduzidas pela elite política e económica.

Como?
Pela jogo contínuo das distrações e insignificâncias.

O cidadão fica, assim, impedido de se interessar pelo essencial, mantido à distância dos reais problemas, cativado pelas insignificâncias.

Resultado: O cidadão fica tão ocupado, tão ocupado, tão ocupado que, sem tempo para pensar, vira-se para a manjedoura e rumina, juntamente com os restantes animais.

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

APRENDAM, meninos, APRENDAM!

Diz a revista Visão, na sua actual edição e sob o título "Como vai mudar a Justiça fiscal" , que "o certo é que a nova Justiça tributária pode ainda ser pioneira, numa outra medida, cara a este Executivo: o acesso de não magistrados aos tribunais".

Para quem tinha dúvidas de que os juízes já nasciam juízes, eis aqui a "prova".

Note-se a magnitude de tão importante medida deste Executivo ao permitir, pela primeira vez quiçá, que não juízes acedam ao exercício da judicatura!

Ainda que mal pergunte, alguém sabe onde fica a maternidade dos juízes?

A Adelaide, minha amiga vendedora de castanhas no Inverno e orquídeas no Verão, perguntou-me e eu não soube responder-lhe:
"Ó sr. dr., comé queu faço pró meu filho nascer juiz?
É preciso preencher algum formulário ou assim?
E onde é que será isso? Na Junta ou será na cambra?"

Não soube responder-lhe...

terça-feira, fevereiro 13, 2007

PEZINHOS DE LÃ

Xeque-mate em cinco jogadas:

1ª jogada: Descredibilizar os juízes;

2ª jogada: Descredibilizar os Conselhos;

3ª jogada: Fornecer meios e instrumentos de controlo aos Conselhos (paradoxal? não! Em primeiro lugar porque credibiliza a actuação política quanto aos Conselhos e aos magistrados; Em segundo lugar porque deixa normativamente consignado, em altura insuspeita, os ditos instrumentos, para utilização futura);

4ª jogada: Modificação da composição dos Conselhos, ou do Conselho (por absorção do administrativo), afastando da sua composição os juízes e com controlo absoluto pelo poder político;

5ª jogada: Acesso ao Supremo por escolha (côr dos olhos? do cabelo? não! mas certamente pela côr).

Cogitação 1: Ou eu sofro da mania da perseguição (e somos muitos com esta mania) ou o fim do princípio da independência dos tribunais teve início com a jogada das férias judiciais.

Cogitação 2: Que juiz , nesse cenário, decide com independência? Tendo sobre a cabeça uma de Dâmocles?

Cogitação 3: Feito com pezinhos de lã, tudo isto pode revestir uma forma de aparente legalidade e conformação constitucional e só no funcionamento do sistema, dentro do convento, é que se notam as suas corruptelas.

Cogitação 4: Lembro-me da Constituição semântica de 33, apodada de semântica precisamente por ser ou ter sido ultrapassada por vil realidade que, todavia, dela se alimentava sugando-lhe os rebentos de legitimação formal.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

PORTUGAL MODERNAÇO

Portugal está cada vez mais moderno.

Excepto na qualidade de vida da maioria das pessoas;
Excepto no custo de vida, cada vez mais caro;
Excepto nos salários, dos mais baixos da Europa (felizmente, uma mais-valia na China!);
Excepto nos preços dos combustíveis, dos mais altos da Europa;
Excepto quanto à felicidade individual, endividada aos bancos e às empresas financeiras;
Excepto quanto ao trabalho P.P.PUM (Parco, Precário e ao Preço da Uva Mijona);
Excepto no campo da saúde, com filas de espera infindáveis nos hospitais;
Excepto no campo da educação, com uma ministra cuja vocação e actuação máxima é ser directora de recursos humanos e mesmo aí, um desastre...
Excepto no campo dos impostos, que sobem, sobem e... ninguém refila!
Excepto...

Enfim, coisas sem importância...

Agora, uma coisa é certa: No que realmente importa, Portugal é um país modernaço!

Isto digo eu... a avaliar pela festa político-partidária (com ares de biombo...).

Aliás, o que seria de Portugal sem os partidos políticos que tem?

Ou será o povo?

Pois é: O que seria de Portugal sem o Povo que tem?!

Viva o Povo Português!

Porque tem o que merece!

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

NEURÓNIOS, PARA QUE VOS QUERO?

Não quero e não vou aqui discutir o problema do aborto (ui! perdão... desde que os contínuos passaram a auxiliares de acção educativa que se diz interrupção voluntária da gravidez. Não choca e parece... outra coisa, assim mais sofisticada, técnica, moderna e de nível).

Discute-se muito sobre o momento em que há vida, em que "algo" é embrião ou é outra coisa qualquer, etc, etc e etc.

Os "cientistas" dizem e desdizem o que lhes apetece, como lhes apetece.
Diz-se o que se quer, com foros de ciência, para justificar prévias posições políticas sobre o assunto.
Portanto, nada que seja confiável.

Pensemos antes pela nossa cabeça, à maneira cartesiana.

Uma certeza, absoluta, nós podemos ter:
Antes de se unirem o óvulo e o espermatozóide não há vida, não há nada, apenas um óvulo e um espermatozóide.

A segunda certeza absoluta é:
Tudo o que tiver de acontecer acontece depois de o óvulo e o espermatozóide se unirem.

A terceira certeza absoluta é:
Depois da união do óvulo com o espermatozóide assiste-se, pela regra natural, a um processo de crescimento contínuo que culmina, ao fim de nove meses, em regra também, com o nascimento de um ser humano.

Isto parece ser certo.

O mais que por aí se diz são apenas interesses, quantas vezes escusos, a utilizar uma pseudo-ciência como muleta.

No mais, cada um que pense por si.

domingo, fevereiro 04, 2007

DIVAGAÇÕES

Quero dizer a todos, ou talvez a ninguém, o quanto do meu encanto pela vida.

O gosto pelas coisas simples mas profundas.

A minha teimosia em crer na natureza humana.
E em amar, teimar em amar.
Mas já não sei quem...

O aconchego da minha almofada nocturna ou do meu recanto à beira-mar, o marulhar das ondas, já não são solidões, mas antes companhias, cumplicidades...

Lanço os marcos da minha vida, balizo-me pela segurança da navegação à vista.

Já não confio em bússulas.

Acredito num Deus só meu e algures por aí sei que anda um balãozinho verde com a minha esperança dependurada...

NOTÍCIAS

Notícias: O governo anaximandro contribuiu decisivamente para o avanço da ciência jurídica em matéria tributária, assegura o sindicato nacional dos carneiros tosquiados e mal pagos.
Na verdade, e nas próprias palavras do jurista de serviço daquele sindicato, "aos impostos directos e aos indirectos o governo juntou agora uma nova categoria de impostos: os encapotados".
E acrescentou: "É um grande avanço para a ciência jurídica e sobretudo para a pacificação nacional, já que o imposto, sendo encapotado, passa despercebido, não dá aso a manifestações de repúdio da sevícia tributária, nem à invocação de ilegalidade ou inconstitucionalidade, sendo, portanto, de aplicação difusa e pacífica".
Ouvido sobre a questão, o mnistro das finaças disse: "Na verdade, modéstia à parte, é um golpe de génio, pois de um só golpe conseguimos tosquiar o rebanho sem que ele dê por isso ou sem que se importe com isso, mantendo, por outro lado, a competitividade da economia, pela manutenção de uma qualidade de vida à carneirada nacional totalmente compatível com a chinesa que, como se sabe, também é tratada a palha de refugo".

A CARNEIRADA

-... pois é, caros amigos orientais, nós lá em Portugal temos mão-de-obra altamente qualificada, os nossos produtos têm uma qualidade ímpar, e tudo isto apesar de ainda estar em curso o choque tecnológico e de o ensino público estar a caminho da excelência, pelo que temos ampla margem de progressão e blá blá blá, de blá blá, pois blá blá blá
- Oh! xiling pung! (tradução: Oh! Muito bem!) clap, clap, clap (palmas, muitas palmas)

- (Viste, pinheiro, como é que se enganam estes gajos?)
- (É pá, ó anaximandro, vou também botar discurso e (hic) vais ver como sou capaz de cativar investimento a dar com um pau (hic)!)
- (Ouve lá... tás com soluços?)
- (quem, eu?! ...é...é... do frio...)
- (Bem, bem... já sabes que não deves beber antes dos discursos, que te foge a boca para a verdade...)

- binjau achi gum pinheiro (tradução: vai falar o sr pinheiro)

- Caros amigos. Portugal é hoje um país fortemente competitivo (hic). Na verdade, tem custos salariais mais baixos do que a média da União Europeia e há pouca pressão para o aumento desses custos (hic)!
- (xlim pung piao?) (tradução: O que é que ele tá a dizer?)
- (pong xung Portugal yang xiau ping) (tradução: Diz que em Portugal a carneirada come palha e não se importa)
-Oooooooohhhhhhhh!!!!!!!!!!!!