quinta-feira, junho 29, 2006

NOVO MAPA JUDICIÁRIO: FLEXIBILIDADE? OU VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INAMOVIBILIDADE?

- Ó Ti' Anafrásio! Então que anda a fazer homem?
- Olá xabier. Eh home ando cá a ber se conxigo mudar os mês burros para ali, acolá e além... quexe dijere, quero pô-los todos na nora, na eira, no lameiro, na horta e por aí fora...
- Então e qual é o problema? É só levá-los pela arreata...
- Naé nã, xabier, porquê fiz um trato cum eles: Cada um deles tá num só sítio e ê nã posso mudá-los do sítio ondelestão!
- Sítio? Trato? Ó diabo!
- Poijé! Mas já encontrei uma soluxão! Temos que xer mais espertos qazalimárias, néi ó xabier!
- Claro! E então qual foi a solução?
- Fáxil: Se nãn poxo mudar os burros do dito sítio donde tão, atão alargo o espaxo do sítio de maneira a ficar lá dentro a eira, a horta, o lameiro e por aí fora... Axim é tudo "sítio" e eles já nã podem dijer nada, porque ê mudo-os da horta pra eira e pro lameiro, mas axim nã os mudo de sítio. E eles axim já nãn podem reclamar!
- Mas... isso é uma chico-espertice!
- Pois ei xabier... mas ê nãn os oixo queixar...

sábado, junho 24, 2006

CHECK UP - IV

- Ora, dr. al Berto, vamos então à segunda parte do nosso teste psicotécnico.
- Vamos lá. A primeira parte correu bem, não foi?
- Pois... Este é um teste comparativo. Está pronto? Quantos sectores tem um lagar de azeite?
- Lagar de azeite? bem... tem.. rés-do-chão e... primeiro andar.
- Hum... e o que é o Estatuto dos Magistrados Judiciais?
- Isso não é uma marca de pastilha elástica? Ah! Já sei: É um saco de boxe!
- Pois... e diga-me, no processamento da azeitona em que consiste a extracção a frio?
- Bem... é algo feito sem anestesia.
- Claro, claro... e diga-me, os tribunais são órgãos de soberania?
- Só por cima do meu cadáver!
- Desculpe?!...
- Errhhh... quer dizer... são um órgão são... um órgão... é isso, um órgão!
- Bem... como se chama o recipiente que recolhe o azeite imediatamente após a extracção?
- hã... hã... balde!?
- Bem, bem... hum... e diga-me, agora no plano da justiça: O governo tem alguma ideia para a justiça? Esta é simples dr. al Berto, é 'sim' ou 'não'.
- Pois... mas o problema é que... o que é que quer dizer com 'justiça'?
- Bem... terminou!
- Oh, diga-me, diga-me doutor, qual foi o resultado?
- Bem... dr. al Berto: O sr. percebe tanto de justiça como de um lagar de azeite!

CHECK UP - III

- Bom dia, dr. al Berto, vamos então ao nosso psicotécnicozinho?
- Nem percebo para que faço um teste psicotécnico, doutor.
- Faz parte do check up desde que passou a beneficiar das verbas do subsistema SSMJ.
- Ah, bom... assim sendo vamos lá.
- Imagine que tem o sector da justiça a seu cargo...
- Essa é fácil eh eh eh... é que tenho mesmo! (acertei, doutor?)
- Calma, que eu ainda não formulei a questão. Imagine então a situação e diga-me: quantos tribunais existem no país?
- Ui...praí uns 4 a 5 mil!
- Bom... Hummm... e quantos juízes existem?
- Ui, ui... praí uns 40 ou 50 mil!
- Hummm... então e funcionários judiciais?
- Bem.... são mais de 100 mil!
- Ora, deixe-me só registar também essa resposta... já está! E magistrados do Ministério Público, tem uma ideia?
- Oh sim, claro, são praí uns... 30 ou 40 mil!
- Pois... Agora diga-me, quantos processos existem pendentes nos tribunais portugueses?
- Ora, a ideia que tenho é... praí uns 600, 700, podendo ir até aos 720 processos.
- Bom, terminei dr. al Berto.
- E então, e então?
- Bem... eu, médico que sou, desconheço a realidade da justiça portuguesa, mas o dr. fez um teste brilhante, já que as respostas estão de harmonia com a sua actuação governativa. Parabéns.

CHECK UP - II

-Dr. al Berto, agora olhe para aquele grupo de cidadãos. Consegue vê-los?
- Ui, muito mal...
- Dr. Berto, olhe firmemente e diga-me quantas becas vê?
-Nenhuma... hã? oh, sim... vejo um borrão indistinto...
- Pois... isso está mesmo muito mal.
- Acha doutor?
-Ora leia aqui esta norma sobre férias judiciais.
- "férias dos animais"...
- Não é isso que lá está dr. al Berto.
- Não? Sabe, na verdade estou a fazer um bocadinho de batota... estou a ler de cor...
- Pois é dr. al Berto, a situação é grave.
- Ó doutor não me assuste. Sei que a minha visão já não é o que era, mas...
- Pode dizer-se que é grave dr. al Berto: Está ceguinho de todo!

CHECK UP - I

- E então doutor?
- Não há nada a fazer...
- Não pode ser doutor... nem uma operaçãozita, uns antibióticos...
- Não. Nada!
-É uma injustiça. E irónico! Logo eu, precisamente o mnistro da jestiça. Não posso aceitar que nada mais há a fazer...
-Não, não. Nada de nada dr. al Berto.
-Ó doutor... mas, uma ida a banhos, ah! umas termas! É isso!
-Felizm... rrhh cof cof... infelizmente também não. E o pior é que a doença é crónica...
-Crónica?! Mas se nunca ma detectaram antes!
-Pois... Também fico espantado... especialmente tratando-se de uma estupidez crónica e nada natural...

terça-feira, junho 20, 2006

AFINAL, NÃO HAVIA OUTRO: SOMOS NÓS MESMO!

Serão as montanhas, os rios, as planícies?
Será o clima, as praias, os eucaliptos?
As cabras, vacas e demais seres de quatro no chão?

Não!

São as pessoas!

As pessoas e mais a sua cultura e mais os seus graus de civilização e mais o seu pensamento e mais a sua postura e mais as suas circunstâncias.

E mais a sua mentalidade!

São as pessoas!

Nada de novo.

Mas a consciência do facto entra-nos pela cara como um murro!

É nesta altura que nos olhamos ao espelho, que olhamos à nossa volta e... nós aí estamos...

Nós e a nossa incompetência colectiva.

Sim, porque (digamos) um terço de competentes cidadãos não consegue, ainda assim, rebocar para a zona de luz os dois terços de incompetentes, ladrões, corruptos, imbecis e chicos-espertos.

Não, muito especialmente, se aqueles dois terços constituirem o alfobre permanente de recrutamento e abastecimento dos grupos liderantes.

terça-feira, junho 13, 2006

PORTUGAL É UM PAÍS EM VIAS DE EXTINÇÃO?

Ontem vi na 2: um programa televisivo sobre os Etruscos, dali se retirando o modo como foram extintos, enquanto povo.
Relembrei a História da humanidade e a enorme sucessão de povos, de civilizações, ou seja, o nascimento, a vida e a morte ou extinção dos povos e das civilizações.
Desde sempre que assim é.
Seja por conquista (v.g. os índios sul-americanos), por doenças (v.g. certas tribos da Amazónia), por falta de meios de vida básicos que podem ir até à inanição (certas tribos africanas e, actualmente, até países) ou por qualquer outro motivo.
Até por genocídio, pois as guerras das bónias e das sérvias dos dias de hoje, ou os judeus e o holocausto, são outros tantos exemplos actuais de extinção, ou melhor, de tentativa de extinção de um povo.

E Portugal?

Fala-se muito do passado português, constantemente glorificado (à míngua de melhor presente!), especialmente o tempo em que "deu novos mundo ao mundo".

Tendo nascido no Séc. XII, o seu apogeu parece de facto ter ocorrido no Séc. XV e maxime no Séc. XVI.

Todavia, com os sinais que a sociedade portuguesa actualmente apresenta, parecendo estar nos limites externos das suas competências e das suas capacidades, que rumo leva este país?

Será que não são já identificáveis os sinais conducentes a uma extinção por intrínseca incapacidade de sobrevivência enquanto sociedade?

segunda-feira, junho 05, 2006

BEFORE THE DAY AFTER

O vento suão sopra a frescura do lusco-fusco.
É o momento mágico das "auroras boreais" do sol poente.
Ali ao lado, os grilos compõem a sua sinfonia nº 5.
Pia o mocho e os últimos melros acoitam-se com um chilreio perdido.
Por entre os silêncios da folhagem rumorosa, embalada pela brisa, ouvem-se os cães.
Ao longe.
Num repente, cala-se o melro, emudecem os grilos, o mocho perde o pio.
Uivam os cães.
Depois, calam-se também.
Silêncio...
O silêncio, sepulcral, pára até o vento.
O ar adquire um tom azulado, ainda visível à luz dos últimos raios de luz.
Na boca, um sabor metálico, ácido...
Algo de terrível está iminente.
Sente-se.
Respira-se.

Resta-nos apenas aguardar os próximos movimentos do... ministro da justiça e... rezar para que a escala de Richter não se esgote...

quinta-feira, junho 01, 2006

ESCUTA ZÉ NINGUÉM

"Escuta, Zé Ninguém! Chamam-te “Zé Ninguém!” “Homem Comum” e, ao que dizem, começou a tua era, a “Era do Homem Comum”. Mas não és tu que o dizes, Zé Ninguém, são eles, os vice-presidentes das grandes nações, os importantes dirigentes do proletariado, os filhos da burguesia arrependidos, os homens de Estado e os filósofos. Dão-te o futuro, mas não te perguntam pelo passado.
Tu és herdeiro de um passado terrível. A tua herança queima-te as mãos, e sou eu que to digo. A verdade é que todo o médico, sapateiro, mecânico ou educador que queira trabalhar e ganhar o seu pão deve conhecer as suas limitações. Há algumas décadas, tu, Zé Ninguém, começaste a penetrar no governo da Terra. O futuro da raça humana depende, à partir de agora, da maneira como pensas e ages. Porém, nem os teus mestres nem os teus senhores te dizem como realmente pensas e és, ninguém ousa dirigir-te a única critica que te podia tornar apto a ser inabalável senhor dos teus destinos. És “livre” apenas num sentido: livre da educação que te permitiria conduzires a tua vida como te aprouvesse, acima da autocrítica.
Nunca te ouvi queixar: “Vocês promovem-me a futuro senhor de mim próprio e do meu mundo, mas não me dizem como fazê-lo e não me apontam erros no que penso e faço”.
Deixas que os homens no poder o assumam em teu nome. Mas tu mesmo nada dizes. Conferes aos homens que detêm o poder, quando não o conferes a importantes mal intencionados, mais poder ainda para te representarem. E só demasiado tarde reconheces que te enganaram uma vez mais.
Mas eu entendo-te. Vezes sem conta te vi nu, psíquica e fisicamente nu, sem máscara, sem opção, sem voto, sem aquilo que fiz de ti “membro do povo”. Nu como um recém-nascido ou um general em cuecas. Ouvi então os teus prantos e lamúrias, ouvi-te os apelos e esperanças, os teus amores e desditas. Conheço-te e entendo-te. E vou dizer-te quem és, Zé Ninguém, porque acredito na grandeza do teu futuro, que sem dúvida te pertencerá. Por isso mesmo, antes de tudo o mais, olha para ti. Vê-te como realmente és. Ouve o que nenhum dos teus chefes ou representantes se atreve a dizer-te:
És o “homem médio”, o “homem comum”. Repara bem no significado destas palavras: “médio” e “comum”.
Não fujas. Tem ânimo e contempla-te. “Que direito tem este tipo de dizer-me o que quer que seja?” Leio esta pergunta nos teus olhos-amedrontados. Ouço-a na sua impertinência, Zé Ninguém. Tens medo de olhar para ti próprio, tens medo da crítica, tal como tens medo do poder que te prometem e que não saberias usar. Nem te atreves a pensar que poderias ser diferente: livre em vez de deprimido, directo em vez de cauteloso, amando às claras e não mais como um ladrão na noite. Tu mesmo te desprezas, Zé Ninguém, Dizes: “Quem sou eu para ter opinião própria, para decidir da minha própria vida e ter o mundo por meu?” E tens razão: Quem és tu para reclamar direitos sobre a tua vida? Deixa-me dizer-te.
Diferes dos grandes homens que verdadeiramente o são apenas num ponto: todo o grande homem foi outrora um Zé Ninguém que desenvolveu apenas uma outra qualidade: a de reconhecer as áreas em que havia limitações e estreiteza no seu modo de pensar e agir. Através de qualquer tarefa que o apaixonasse, aprendeu a sentir cada vez melhor aquilo em que a sua pequenez e mediocridade ameaçavam a sua felicidade. O grande homem é, pois, aquele que reconhece quando e em que é pequeno. O homem pequeno é aquele que não reconhece a sua pequenez e teme reconhecê-la; que procura mascarar a sua tacanhez e estreiteza de vistas com ilusões de força e grandeza, força e grandeza alheias. Que se orgulha dos seus grandes generais, mas não de si próprio. Que admira as idéias que não teve, mas nunca as que teve. Que acredita mais arraigadamente nas coisas que menos entende, e que não acredita no que quer que lhe pareça fácil de assimilar.(…)”.



"Escuta, Zé Ninguém!" não é um documento científico, mas humano.
Foi escrito por Wilhelm Reich no Verão de 1946, para os arquivos do Instituto Orgone, sem que se pensasse, então, em publicá-lo. Resultou da luta interior de um cientista e médico que, durante décadas, passou pela experiência, a princípio ingênua, depois cheia de espanto e, finalmente, de horror, do que o Zé Ninguém, o homem comum, é capaz de fazer de si próprio, de como sofre e se revolta, das honras que tributa aos seus inimigos e do modo como assassina os seus amigos. Sempre que chega ao poder como “representante do povo”, aplica-o mal e transformado em qualquer coisa ainda mais cruel do que o sadismo que outrora suportava por parte dos elementos das classes anteriormente dominantes.


Wilhelm Reich nasceu a 24 de Março de 1897 nos confins orientais da Galícia, então na posse do Império Austro-Húngaro. Acusado de charlatanismo, perseguido pelos nazistas e pelos “democratas” norte-americanos, expulso do círculo de psicanalistas e do Partido Comunista. Foram inúmeros os problemas que teve com todos os tipos de poderes instituídos.
Isso graças ao vigor de seu pensamento e de sua independência frente às instituições repressivas que tanto criticou.
Não reconheceu limites nas ciências, da psicologia à física e à biologia... e cada campo recebeu valiosíssimas contribuições, que até hoje (até mesmo nas academias) não são reconhecidas, sendo mesmo boicotadas.

É o preço do livre pensamento.
O contraponto é a "normalização" da mediocridade.
Às armas!!!!
Às armas da competência, da decência, do trabalho, dos valores!
Às armas!!!!!
Às armas da Razão!
Contra os canhões da incompetência, da corrupção, da demagogia, da filhadaputice, da mediocridade, da inanidade, marchar, marchar!!!



CENA MARADA

- Iscas! Madié! Tás baril?
- yah, meu. óve lá, tens preduto?
- Népia, meu. Eu agora é só armas.
- Armas, meu? És doido?
- Óve lá, atão né o hino que diz "às armas!" "às armas!" men? É ou não é?
- Tás a falar de quê?
- Do hino, meu: "às armas!"! E vai daí... vou mesmo!
- Vais onde meu?
- Pôrra! às armas, meu, às armas!
- ... hã... yyyaaaaaaaaaahhhhhhhhh meu: às armas! Ih ih ih ih ih! Baril! "às armas!" Ih ih ih ih