quarta-feira, janeiro 25, 2012

LIBERDADE

Nunca como hoje o ser humano foi MENOS livre.

Mesmo na democracia mais aparentemente democrátrica - especialmente na democracia mais aparentemente democrática - não há, simplesmente, liberdade!

Há apenas um certa idéia de uma certa liberdade , que não passa, afinal, de mero condicionamento social a uma idéia de exercício de um poder, pelo povo, através de um fenómeno de representatividade política que tudo tem menos de representativo e tudo é menos democrático.

Quão longe da realidade se revela, em cada e em todos os casos, essa idéia de liberdade.

A liberdade ideal pressupõe a perfeição humana, ou seja, uma liberdade para cuja vivência não é necessário responsabilidade.

A dimensão humana, felizmente imperfeita, impõe necessariamente a responsabilidade como factor da liberdade.

A simples constatação da irresponsabilidade individual e colectiva das sociedades modernas conduz-nos, inevitavelmente, à conclusão de completa ausência de liberdade no seio destas sociedades.

Há ou pode haver subsmissão (por medo, por idolatria, cobardia ou interesse mesquinho, por ignorância, por estupidez...), mas não há liberdade.

A liberdade pressupõe, para que o seja, uma consciência de liberdade.

Há ou pode haver rebeldes, mas na medida em que tal rebeldia permaneça balizada e contida nas fronteiras do que é tido como democraticamente admissível, não há liberdade, pois a rebeldia que ocorre no âmbito dos instrumentos do sistema padece necessariamente da mesma falta de liberdade.

Ser livre é agir segundo as suas próprias convicções e disposto, no mesmo passo e medida, a assumir a total responsabilidade por essa acção.

Tudo isto, SEMPRE, no quadro dos valores universais imanentes à condição humana, que é possível identificar sem atavismos de relativismo cultural.

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos.
Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.
(Declaração Universal dos Direitos Humanos, artigo 1º)

Em sociedades mais abastadas, os cidadãos, as pessoas, alcançam satisfação das necessidades básicas e até de algum luxo, o que lhes permite relativizar ou sublimar o deficit de liberdade.


Em tempo de vacas magras, quando as vacas emagrecem na medida em que os pastores engordam... nota-se... e sente-se!


E como o sentem aqueles que ficam sem pasto!

As assimetrias que as nossas sociedades ditas democráticas provocam ou geram ou permitem é absolutamente contrária à idéia de liberdade.


E o ser humano só pode ser feliz em liberdade.


Vislumbro plantada na nossa sociedade, infeliz e prisioneira das elites, uma bomba-relógio.


E de pavio curto.


Algures e nalgum momento vai ouvir-se o grito do Ipiranga!

Não tanto "Independência ou morte" mas sim "LIBERDADE OU MORTE!"


As elites que se cuidem...

segunda-feira, janeiro 16, 2012

ESTOU AQUI A OLHAR PELA MINHA JANELA...

O sol aparece de um lado e desaparece do outro... todos os dias... pois assim se medem os dias... inexoravelmente.

Em termos universais, somos um quase-nada.

Em termos planetários, somos um tudo-nada.

Para o país, somos um número (se pagamos impostos), somos um custo (se recebemos prestações sociais), somos ignorados (quando indigentes), somos beneficiados (se o colarinho for branco).

Verdadeiramente, somos importantes para meia dúzia (ou dúzia e meia) de pessoas, normalmente familiares e, vá lá, um amigo (talvez dois).

Tudo o mais são claras batidas em castelo: Ao fim de algum tempo liquidificam e esvaiem-se por um qualquer esgoto...

A vida, e tudo nela, é periclitante, inexoravelmente periclitante.

E, paradoxalmente, é a perenidade dessa periclitância que nos confere uma dimensão ontológica e espiritual, que nos garante o regresso ao pó.

xavier

quarta-feira, janeiro 11, 2012

O DILEMA DE UM TETRALEMA QUE REVELA SER MERO TRILEMA

Ou é da minha vista ou o Passos acabará como o Guterres.

A páginas tantas, perceberá que lhe resta uma de três vias:

Ou abandona o pântano

ou se afoga nas águas inquinadas!

Ou assume que faz parte da lama podre!

Há uma quarta via, mas essa está reservada aos grandes estadistas:

Pulso de ferro!, mas forjado pelos valores humanos mais preciosos.

domingo, janeiro 01, 2012

ESPERANÇA, a matéria de que são feitos os placebos

Não uso bola de cristal, nem o tarot, e nem as folhas de chá ou búzios me influenciam o pensamento.

Limito-me a obervar e a pensar sobre os factos.

Os últimos, de vulto, que conduziram à roubalheira de que todos nós fomos alvo, foram identificados em tempo real aqui neste blog, na mesma altura em que os ladrões alcançavam maiorias políticas juntos dos estúpidos cidadãos deste país.

Basta ver o arquivo e as respectivas datas para o confirmar.

Nessa linha de actuação, ou seja, de observação e interpretação dos factos, vislumbro o seguinte:

O destino de Portugal não depende tanto da actuação (positiva, entenda-se, já que a negativa apenas afunda...) de todos nós, mas antes vai depender do gigante asiático e, sobretudo, da forma como os países ocidentais lidarem com a situação.

A China está a tornar-se numa potência hegemónica.

E como imporá o seu poder?

Militarmente? Afigura-se que não!

Com o melhor de dois mundos (o comunista, que mantém os cidadãos debaixo de um jugo totalitarista; e o capitalista, que lhe confere o poder do dinheiro e dos mercados), a China vai impôr, não à força mas naturalmente, o seu modelo de produção.

E impor-se-á a todos facilmente com poderio financeiro e de mercado, pois tem as matérias-primas e a população num estadio histórico que há muitas décadas foi ultrapassado já nos países ocidentais.

Se não for eficazmente contrariada, a China vai impôr, naturalmente, um modelo de produção que não tem paralelo em nenhum país ocidental capaz de se lhe equiparar e, para sobreviver na economia global, o resto do mundo vai ter de pautar-se pelo paradigma chinês.

Nesse cenário, o ocidente vai dizer adeus ao estado social, às leis laborais protectoras, ao lazer democratizado.

A necessidade de sobreviver vai impor a cada país a mudança para o paradigma chinês no seu pior, ou seja, uma sociedade composta por dois mundos:

Os da mó de cima, pertencentes aos aparelhos do poder e aos interesses económicos que os suportam;

Os da mó de baixo, a grande maioria, regressados a mundo de trabalho equiparado a trabalho escravo (maior quantidade de trabalho e menor remuneração), mas agora despido do desvalor do respectivo estigma moral.

Pelo contrário, vai começar a fluir no discurso político e no discurso ético dos fazedores de opinião do regime, uma moral e uma ética do trabalho que justificará aos olhos de todos (e dos próprios da mó de baixo  até!) a nova forma de escravatura.

Não será de sopetão, mas antes paulatinamente, de inevitabilidade em inevitabilidade.

E repare-se como esse modelo se ajusta tão bem Às elites ocidentais, sedentas de dinheiro, de poder e de escravos.

A solução?

Para já, não faço a mínima idéia.

Do ponto de vista individual parece-me simples: Voltar ao básico, ao essencial.

Quem puder, adquira ou regresse à sua pequena courela, plante umas couves e semeie umas nabiças.

Dará menos trabalho do que ser pauperrimamente remunerado por trabalho excessivo, com vista a comprar umas couves ou umas nabiças.

E será sempre mais digno.