terça-feira, maio 23, 2006

HÁ ALGO DE ERRADO NESTE PAÍS

Num comentário do Verbojurídico, sobre Magistrados e futebol, diz-se a páginas tantas:

"A juíza Maria de Fátima Mata-Mouros entende que o eventual recebimento de contrapartidas pecuniárias por parte dos magistrados é ilegal e violador da lei fundamental. "No que respeita aos juízes, a resposta está expressa na nossa Constituição desde há trinta anos: " Os juízes em exercício não podem desempenhar qualquer outra função pública ou privada, salvo as funções de docentes ou de investigação científica, não remuneradas, nos termos da lei.".

Nem mais.

Eu fui nomeado juiz, em efectividade de funções, em 1 de Janeiro de 2004, na sequência do respectivo estágio que terminou no dia 31 de Dezembro de 2003.
E acreditem ou não, hoje, dia 23 de Maio de 2006, ainda o meu vencimento é exclusiva e rigorosamente o correspondente ao índice 100, ou seja, o de juiz estagiário.
Acontece que sou juiz num tribunal de círculo (tribunal administrativo de círculo), presido a julgamentos colectivos, exerço as funções correspondentes ao lugar que ocupo efectivamente: As de juiz de círculo.
Infelizmente, o meu vencimento não me permite viver decentemente.
Apenas sobrevivo.
Mas como sempre trabalhei para ganhar a vida, pensei fazer algo.
Não posso!
Não posso exercer qualquer outra actividade remunerada.
Embora o mercado esteja saturado, pensei em "biscates" bem remunerados.
Por exemplo, o serviço de trolha.
O trabalho de um trolha é duro.
Mas é melhor remunerado do que o de um juiz que exerce as funções de juiz de círculo num tribunal administrativo de círculo.
Também não posso!

Continuo espartilhado entre a ilegalidade sem solução à vista, a incompetência de alguém, a inveja de muitos (que é o que está na génese desta questão), mas que agora não invejam nada, a necessidade de trabalhar extradordinariamente para poder ter uma vida simples mas digna, a impossibilidade legal de o fazer...
E no entanto parece haver por aí juízes que recebem uma qualquer remuneração por serviços no mundo do futebol!!!?

Há algo de errado neste país...

7 comentários:

Elsa Gonçalves disse...

Olá Xavier, hoje a propósito ou a despropósito, peguei num livro muito velhinho do José Gomes Ferreira, minha referência incontornável, e encontrei uma sintaxe parecida com a tua. Quedei-me a pensar se viria por ali alguma da tua inspiração. E agora fazes um post a sério?? Não há direito!!
E não há direito mesmo.
Xxxxxxx..... quero o meu Anafrásio de volta.
Mas entendo as tuas mágoas! Quem trabalha na justiça sabe quão injusta ela pode ser. E a esse propósito gostaria até de te colocar uma questão, mas não o farei por esta via. Not in public. Se achares que me podes ouvir, deixa-me saber como.
É que não há "ordem" que nos valha!
maria

xavier ieri disse...

xavierieri@hotmail.com

Elsa Gonçalves disse...

obrigada. darei noticias...

Cleopatra disse...

Olá Xavier!
Tudo bem consigo?
Por acaso não está doente?
Será que anda apaixonado??

Mudou o estilo?
mas olhe que também gosto deste.
Qto ao outro... já tenho saudades.
relativamente á postagem... Eu até gostava de fazer teatro...ser actriz,...também é mal pago e pago por não pago...olhe... vou fazendo teatro na sala de audi~encias.
Trolha?
Ora que ideia!
trolha?
E porque não montador de tectos falsos?
Também não podemos não é?
POIX!

vero disse...

Olá querido amigo,
estou d volta!!!
Jocinhas ***

Apache disse...

Olha... acabei de descobri que de futuro também não vou poder acumular quaisquer actividade remunerada ou não, logo eu que andava a fazer umas obras aqui em casa "à borlix". Será que posso contratar um pseudónimo???
Isto está bonito, está!

xavier ieri disse...

:):):)
Vocês não imaginam quanto ganha um trolha!
É uma fortuna.
É verdade que o trabalho é bera, mas experimentem mandar fazer umas obritas lá em casa...!
Razão tem o Apache: Mais vale fazê-las "à borlix" enquanto se pode!

Ó Cleo,
Eu não ando apaixonado: Sou apaixonado!
Acontece que por vezes nem bem sei em que plano se desenvolvem as minhas paixões...


Olá Vero, carinha laroca.
Espero que vá tudo de feição.