segunda-feira, julho 10, 2006

INFÂNCIA CIVILIZACIONAL?

A propósito de um comentário da Sónia ao anterior post, cabe comentário sob a forma de post:
Atendendo à data da mãe moderna de todas as democracias - 1789 - já nem sei se é infância, se é adolescência ou mesmo se não serão ainda as dores do parto.
É importante, julgo eu, não esquecer estes pensadores, mesmo quando a sua mensagem é aparentemente de descrédito nas virtualidades positivas da organização e capacidade de organização humanas.

Masoquismo?
Claro que não!
Apenas para que não adormeçamos à sombra da dita, inebriados pelos seus aparentes valores, tão nobres quão voláteis, por frágeis e manipuláveis.
Importante também é questionar, permanentemente!

A razão não pode contentar-se com valores apriorísticos e abstractos, quando a práxis revela uma outra realidade.
A ideia de que basta viver num regime juridico-politicamente organizado em democracia para se usufruir de todas as virtualidades da dita é, a meu ver, muito perigoso.
Além do mais, acaba por embrutecer as pessoas, os cidadãos, e embotar a sua capacidade crítica.
Se é pouco suportável a ideia de esta ser uma república das bananas, completamente insuportável seria a ideia de vivermos numa república de bananas!

6 comentários:

Elsa Gonçalves disse...

"A democracia é o melhor de todos sistemas, com excepção de todos os outros"
Sérgio Godinho

Desde o Tocqueville, francês apaixonado pelos americanos e pela sua democracia até aos pensadores de hoje, muita água passou debaixo das pontes.
Aqui chegados, resta-nos mesmo o estado de direito democrático.
Há experiências de sucesso do dito cujo, acreditem!
Nós é que nem conseguimos atinar para abrir o túmulo do grande fundador desta coisa chamada nacionalidade e nem sabemos quantos metros tinha o homem. Mas recuso-me a perder as ilusões. O D. Afonso Henriques tinha de certeza mais de dois metros e a história do homem com a mãe o Freud explicaria de certeza. ;-))
MAS NÃO VOU PERDER AS ILUSÕES!!!
RECUSO-ME!!!
maria

xavier ieri disse...

É isso mesmo, Maria.
Também me recuso a perder essas ilusões (ainda qu lhes chames ilusões! Será consciência de que é ilusão? ou apenas uma forma de falar?)
Por isso mesmo é que eu digo ser insuportável a ideia de sermos uma república de bananas.
De seres pensantes, isso sim, no sentido de manter a flutuar os valores com que em abstracto a democracia nos presenteia, bem como em concreto verificar se eles estão realmente a enformar as nossas vidas.
Mais do que as ilusões, não quero é perder algumas certezas!

Sónia Sousa Pereira disse...

Gaita homem... não posso dizer nada??? ;-)

Bom, o que eu queria dizer, como sabe aliás, é que o nosso envolvimento cívico, ilustrado pelas mais diversas formas de participação democrática, são o motor para a emancipação civilizacional (agora veja lá se o título do próximo post é este - começo a cobrar-lhe a autoria ;-))).

E é por acreditar nisto que defendo as coisas que vou defendendo.

Mais uma cabeça cheia de ilusões que se traduzem em convicções.

Acreditemos pois!

Beijinho,

S.

Elsa Gonçalves disse...

o "ilusões" foi um "lapsus linguae", digamos... :-)
Bj
Boa noite

Apache disse...

"O D. Afonso Henriques tinha de certeza mais de dois metros"

Caro Xavier, não acha que se o homem tivesse este tamanho todo não tinha tempo para fundar este quintal, passaria o tempo a jogar na NBA?!

;)

P.S. O "gajo" tinha fama de ser grande (para a época), eu aposto em 1,60 m, naquele tempo quem tinha mais de 1,5 m era Rei... Hoje, quem tem menos, lidera a oposição...
:)

xavier ieri disse...

Olá Sónia, eu é que agradeço a oportunidade do contacto com as suas ideias.
Ora aí está uma palavra mágica: Convicções! É aquilo a que eu chamo, para determinados fins, as certezas volantes!
O que seria de nós sem convicções...
:)

Olá Maria, eu percebi, menina, eu percebi... :)


Apache,
Naquele tempo, quem tinha um olho era rei.
Hoje, quem DIZ que tem um olho é... eleito!

Não tenho qualquer dúvida de que o mui nosso Afonso Henriques tinha mais de dois metros!
E jogava na NBA da altura: o CPIP (Campenato Peninsular pela Independência de Portugal)!
:)

Já os pequeninos de hoje, parece que não lhes resta outra alternativa que não seja uma chamada solução de recurso: v.g. um caixote de fruta, para se elevarem!
E uma boa parte deles utiliza outro estratagema: Andar em bicos de pés...

(Raios! Eu e o meu cinismo latente...)