terça-feira, outubro 24, 2006

O PAÍS DAS MARAVILHAS - II

Quem paga a crise?

Sendo Portugal um país empobrecido, significa que a maioria da sua população está empobrecida.

Por outro lado, entende o Governo que a economia só pode recuperar com maior investimento privado e correspondente aumento das exportações, ou seja, com criação de riqueza, como de resto qualquer manual elementar de economia consigna.

Vai daí, entendeu por bem colocar sobre os ombros já doridos da maioria (os pobres e os empobrecidos) o pagamento da factura do défice das contas públicas e da crise resultante maxime da sua (des)governação ao longo destes anos de chamada democracia.

Ou seja, o trabalho que pague a crise.

Já sobre as empresas e sobre o capital, pelo contrário, aligeira-se o peso da factura.

Tudo em nome de uma coisa chamada recuperação económica.

Mas não se vislumbra qualquer garantia, ou sequer expectativa de que tal venha a acontecer naquela mesma medida em que é pressuposto de decisão política.

Pelo contrário! Estamos é habituados à chico-espertice nacional, ao compadrio, à dependência de subsídios, benefícos vários, que, também aqui, porventura conduzirão à maximização do desfrute da situação favorável criada, mais do que ao investimento e consequente crescimento do país.

Assim, numa sociedade que é suposto organizar-se em torno de valores como a dignidade da pessoa humana e empenhar-se na construção de uma sociedde livre, justa e solidária, acontece exactamente o contrário:

Os ricos, ou seja, o capital cada vez mais favorecido, com o fundamento do fomento do investimento, da produção e do crescimento.

Os empobrecidos, sem voz e sem vez, a pagarem a crise, não do seu bolso já miserável, mas da sua própria dignidade.

Por algum motivo atendível?

Não!

Apenas porque são em maior número, o que multiplicado por euros dá milhões para tapar os buracos que os políticos abriram!

Com o bónus de não se afrontarem os poderes instalados.

É do caraças!

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