É um daqueles fins de tarde sem história.
O silêncio de um ventinho, suave, cheiroso, aromatizado pelos óleos das estevas e do alecrim, suados, não pelo esforço, mas pelo calor do dia.
A montanha murmura, naquele seu linguarejar dolente, despenteando as urzes e o rosmaninho pela mão de uma rajada mais forte.
Lá no alto, uma águia diverte-se surfando as ondas de vento.
Apesar da brisa, as cigarras ainda exercitam a sua veia trovadora.
Há um coelhito, atrevido, que vai pulando ali para os lados da macieira.
Esperto!
Com a brisa, as maçãs caem e ele... bem, ele faz um banquete.
E uma paz enorme, enorme, invade-me.
Quedo-me pela contemplação.
A contemplação da natureza, não da natureza bucólica, mas da natureza rude, física, biológica, mineral.
É a contemplação da matéria, do cosmos.
É a compreensão da comunhão atómica, dos mesmíssimos átomos de que tudo e todos são feitos.
É o sentimento de partilha.
É a profunda noção de pertença, de ser parte integrante do universo.
6 comentários:
ternas e doce palavras gostei.....
magdalene!
Que bonito Xavier...
O renascimento da esperança?
Beijinho,
S.
Olá Sónia,
Nunca morreu!
Mas por vezes parece estar num coma profundo...
Nada mais do que disponibilidade.
Grande coisa a disponibilidade!
Creio mesmo ser um dos bens mais preciosos: A disponibilidade!
(Então, de férias?)
Olá Swettmagdalene,
Bem-vinda, e sempre bem-vinda, a este espaço aberto.
Talvez o fundo (preto) do ecrã, da página deste blog, assim como o nome (excêntrico) seja susceptível de lançar alguma confusão com blogs do dark side.
Na verdade, este blog (nem o seu autor) nenhuma afinidade tem com esse lado do espectro.
Não tem afinidade mas tem tudo em comum.
Tirando o resto que não interessa para nada, o "tudo" são as pessoas.
Essas é que são importantes!
No mais, são apenas opiniões, diferentes maneiras de estar, de ser.
Do dark side não sei nada.
Sei apenas que o diabo não está sempre atrás da porta. Por vezes, esconde-se debaixo da cama. Outras, desfaz-se em fumo...
Nada que um punhado de sal e uma benzedura não resolvam.
Sei também que Deus não dorme. Por vezes dormita e é nessas alturas que as desgraças acontecem.
Lembro-me de Santa Bárbara quando troveja. Também é verdade que só nessa altura é que ela pode ser útil, por isso...
No mais, vivo a vida ao sol, logo pela manhã.
:)
É a sensação única do todo ser um só.
Quem dera, Xavier... quem dera!
S.
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