sábado, outubro 23, 2010


THE BIG JOKE
(Este texto contém palavras e idéias eventualmente chocantes.
As peles mais sensíveis devem usar protector)

Diz-se por aí que Portugal é um síto mal frequentado e talvez nunca se julgasse possível que viesse a ser assim tal mal frequentado.


Todavia, só pessoas maldosas enveredam por essas enormidades.


Dissparate!


Imaginem que até há quem diga que os políticos são uns filhos-de-puta, uns cabrões, uns merdas, ladrões, chulos e que fossem todos para a puta-que-os pariu-e-ó-caralho!


Que linguagem, meus amigos, que linguagem!!! Uns grosseiros estes tipos....


Uma pessoa preocupa-se em ser tão fino, tão educado, imagine-se, tão refinado e educado ao ponto de estar a ser fodido a torto e a direito e não reage ou nem dá conta... e depois vêm estes grosseiros com palavrões e o caralho (ai, perdão...)...


Gente mal educada, é o que é!


Na verdade, não devemos exagerar. 


... se bem que... é por demais evidente que há por aí uns meliantes engravatados, exímios em inglês técnico e com compulsão congénita para a vigarice que...


Mas serão meros meliantes com ares apaneleirados e unhas de gel??


Ora, perante tão magna questão meti mãos à obra, pesquisei, investi todo o meu labor e creio ter efectuado uma fenomenal descoberta.


Não! Não é uma gentalha qualquer: É toda uma nova sub-espécie de gentalha!


Os seus sinais mais recentes detectam-se, por exemplo, na altura em que a então CEE começou a despejar dinheiro no país.


Nessa altura, os detentores de terras (os verdadeiros detentores de terras, os de nome sonante e centenas e até milhares de hectares!), directamente (porque, sim, eles sentam-se em S. Bento!) ou através dos seus capangas ministros e secretários de estado, trataram de harmonizar as políticas de aplicação dos fundos estruturais europeus com os seus interesses pessoais e dos seus amigalhaços.


Isto porque, é bem de ver, é mais fácil receber milhões para não produzir - o que implica receber sem nada fazer e é quase o mesmo do que receber por dá cá aquela palha - do que ter a trabalheira de gerir as agrárias, os agrários e as agruras do negócio agrário e mais as sementeiras e as colheitas e todas essas arrelias.


Para quê a chatice de cuidar da fruta quando o 'caroço' estava ali à mão se semear?!


O mesmo se passou com as pescas, pois melhor do que pescar o pescado é antes lançar a rede aos subsídios estatais a troco do abate dos... barcos de pesca!


O tecido empresarial, pelo seu lado, embevecido com o dinheiro fácil dos subsídios para tudo e mais um par de botas, descurou a modernização, interessados, tal como os amigos agrários e pesqueiros, em jipes, ferraris e outros bens de consumo, e deitou assim a competividade no caixote do lixo, rindo alarvemente da sua capacidade de sacar dinheito fácil ao sistema.


De resto, o sucesso de tal sub-espécie é de tal ordem que não carecem de adquirir verdadeiras competências.


Basta-lhes fingir que as adquirem ou adquiriram, pois são pessoas de enormes recursos marginais e subterrâneos e uma grande lábia.


Têm seguidores em todo o lado, sempre prontos a receber mais um subsídio, esse sim, o verdadeiro e grande objectivo na vida, ou mesmo a ladrar quando tal lhes é ordenado!


Por isso mesmo, a formação profissional em Portugal, subsidiada pelos fundos europeus, serviu para tudo menos para formar profissionais, que era o que menos importava, pois, como se  sabe, a formação profissional só serve para trabalhar!


De repente, porque a mentalidade criminosa desta nova sub-sub-espécie não conhece limites, inventaram as parcerias público-privadas assentes em contratos que não lembrariam ao próprio diabo!


"Inventaram-se?", perguntam os caros leitores (se os houver), "então essa figura jurídica não existia já?".


Sim, existia, mas não era a mesma coisa...


As parcerias público-privadas à portuguesa consubstanciam essencialmente uma forma de legitimar o assalto ao erário público por banda daqueles que, enquanto governantes, contratam em nome do Estado para logo a seguir passarem a sentar-se na mesa de administração das empresas que outorgaram tais fabulosos contratos: "Porreiro, pá!".


E fazem-no impunemente!!! Mesmo quando o Tribunal de Contas intervém e denuncia o desvario criminoso ao Ministério Público!


E com razão o fazem impunemente! Eles - os da tal sub-espécie - têm consciência de si, sabem muito bem que pertencem a uma nova sub-espécie rapace e dominadora.

Sabem muito bem que estão no topo da cadeia alimentar.

Foi, assim, possível concluir, após laborioso estudo, que constituem uma sub-espécie pertencente à sub-sub-espécie gentalha, a qual, por sua vez constitui uma derivação sofisticada da taralhoca espécie Zé Povinho, que se desenvolveu na parte ocidental da Pensínsula Ibérica, sem grande sucesso, diga-se...

Falamos, naturalmente da portuguesíssima e recente sub-sub espécie chicus-espertus espertus.

Sem comentários: