quarta-feira, março 31, 2010

AUTO-COMISERADOS (leituras não recomendadas a cardíacos)

Portugal é um país, ou melhor, os portugueses são um povo que não se pensa a si próprio, nem se enxerga.

Para além da depauperada imagem de um povo que deu novos mundos ao mundo (depauperada porque, para além dos factos históricos, é actualmente uma mera imagem e um slogan com efeito equivalente a uma dose de cannabis consumida por um cocainomano em fase terminal), não se vislumbra rasgo de verdadeira vontade, de capacidade ou de atitude vencedora segundo um plano colectivo realista, ambicioso e galvanizador do país no seio da comunidade europeia e mundial.

Pequeninos, também, no pensar e nas ambições, continuamos, como sempre, aliás, pequeninos na existência, numa menoridade confrangedora, numa apatia estúpida, numa conformação que deixa os braços caídos de uma forma simiesca e inglória.

Aceitamos, talvez por cobardia ou mera apatia, que uns tantos construam um mundo de ricos, um mundo à parte e à custa de uma maioria de pobres e remediados.

Há uma certa classe de gente, uma classe enriquecida (rapidamente enriquecida), em grandes cargos públicos e alguns privados (que vivem da coisa pública) que tem um grande nível de vida, para quem todas as portas se abrem;

que tem sempre emprego garantido neste ministério, naquela empresa pública ou naqueloutro instituto público;

cujos filhos frequentam os melhor colégios... privados (a peso de ouro);

e que estudam no estrangeiro (a peso de ouro) e voltam para empregos garantidos, também neste ministério, naquela empresa pública ou naqueloutro instituto público;

uma classe que vai ao estrangeiro tratar-se (a peso de ouro), porque os hospitais portugueses e a saúde pública em Portugal é a miséria que se sabe, com listas de espera que mais se assemelham à lista de clientes de qualquer cangalheiro que, aliás, verdadeiramente acabam por ser!

Despois... depois, meus caros amigos, temos todos os outros portugueses, e com excepção de uns quantos ricos por mérito próprio (bem hajam, pois deve acabar-se com os pobres e não com os ricos por mérito próprio) verifica-se que, uns mais, outros menos, todos estão no mesmo barco,

a pagar impostos,

a ir para as filas dos hospitais,

a barafustar pela qualidade do ensino que é facultado aos seus filhos,

a tentar sobreviver numa sociedade ques lhes nega trabalho, salários dignos e sobretudo o mais básico dos direitos: Uma sociedade com iguais oportunidades para todos, na qual possam realizar-se enquanto pessoas, enquanto seres humanos.

O actual, é o sistema e estado de coisas perfeitos, ou seja:

Um povo sem vontade, sem grandeza e sem atitude;

Um grupo de chico-espertos dominadores e dominantes;

Um grupo de papalvos que os legitima nos poderes e os alimenta a troco de nada ou apenas do mínimo para que possa manter-se manso, submisso, subserviente e produtivo o suficiente para a manutenção da máquina dominante.

Os filhos dos dominantes, dominarão por sucessão, inevitavelmente.

Os filhos dos dominados, dominados permanecerão, pois a sociedade, tal como se configura, está construída de molde a manter os dominados e os seus filhos neste semi-obscurantismo, neste estado larvar da inteligência e estupidificado como convém, completamente controlável e pronto para sofrer sem piar, manietado e tolhido da pior forma: Em auto-comiseração.

No meio de tudo isto, há um grupo de jovens que se apercebe ou intui que este país nada tem para lhes oferecer.
E não é só uma questão de emprego:
É muito mais do que isso!
É uma questão de esperança!

E o que fazem estes jovens?

Isso mesmo: Mandam Portugal à merda e ganham o mundo...


2 comentários:

J disse...

Sou jovem e já reparei que Portugal não tem nada para oferecer. Não oferece emprego com salário digno nem esperança qualquer...
Após 17 anos de estudos, mais um Mestrado (desses modernos) de bolonha... só me resta pedir o RSI e juntar-me aos parasitas!

xavier ieri disse...

Este é um blog DODO, ou seja, desconhecido, obscuro, "desquecido e ostracizado" e não esperaria que um jovem aqui viesse e muito menos comentar.

Bem vindo meu caro amigo e não se deixe abater pela quantidade enorme desta substância verde e pestilenta aqui derramada: É apenas o meu vómito, repugnado que estou com este estado de coisas no meu país...