quinta-feira, dezembro 04, 2008

TITANIC SYNDROM

O navio estava a pique.

Até os botes salva-vidas estavam a meter água.

E eis que o primeiro-naufragador se agarra a um pedacinho de madeira que por ali passava, insignificante... assim parecia...

No entanto, o primeiro-naufragador não se continha no elogio:

- "Sinto que podemos esperar continuar a flutuar"

-"sinto até - é uma certeza - que este pedacinho de madeira se irá erguer e levantará voo, qual avião!"

-"Marinhagem: O ano que aí vem trará melhores condições de vida para todos vós: passarão de meia sardinha semanal a sardinha e meia!"

-"Admirável este pequeno pedaço de madeira, pá!"

O naufragador da economia, com o característico ar aparvalhado, entendia:

-"O pedacito de madeira não só flutua como os seus potentes motores de milhões de cavalos são uma garantia de flutuabilidade, tanto mais que a maior parte da marinhagem são grandes remadores e contentam-se com uma ração de meia sardinha por semana.

O naufragador das obras públicas, de "jamais!" em "jamais!", pulava de contentamento:

-"A marinhagem pode muito bem comer as espinhas da meia sardinha semanal e pagar com o lombito da dita as obras que os meus compadres esperam que se façam. Senão, para que é que serve a marinhagem?"

A naufragadora da educação, padecendo da terrível doença do autismo político, dizia apenas:

-"Não respondo a essa pergunta!"

O naufragador das finanças entendeu que os lombitos da meia sardinha semanal da marinhagem também servia para não deixar afundar um banco que se assemelhava a uma máquina de lavar do caimão e outros jacarés...

Dos restantes naufragadores não reza a estória...

1 comentário:

Animal disse...

és um puéta carago! glosas mêmo bem pá!