O navio estava a pique.
Até os botes salva-vidas estavam a meter água.
E eis que o primeiro-naufragador se agarra a um pedacinho de madeira que por ali passava, insignificante... assim parecia...
No entanto, o primeiro-naufragador não se continha no elogio:
- "Sinto que podemos esperar continuar a flutuar"
-"sinto até - é uma certeza - que este pedacinho de madeira se irá erguer e levantará voo, qual avião!"
-"Marinhagem: O ano que aí vem trará melhores condições de vida para todos vós: passarão de meia sardinha semanal a sardinha e meia!"
-"Admirável este pequeno pedaço de madeira, pá!"
O naufragador da economia, com o característico ar aparvalhado, entendia:
-"O pedacito de madeira não só flutua como os seus potentes motores de milhões de cavalos são uma garantia de flutuabilidade, tanto mais que a maior parte da marinhagem são grandes remadores e contentam-se com uma ração de meia sardinha por semana.
O naufragador das obras públicas, de "jamais!" em "jamais!", pulava de contentamento:
-"A marinhagem pode muito bem comer as espinhas da meia sardinha semanal e pagar com o lombito da dita as obras que os meus compadres esperam que se façam. Senão, para que é que serve a marinhagem?"
A naufragadora da educação, padecendo da terrível doença do autismo político, dizia apenas:
-"Não respondo a essa pergunta!"
O naufragador das finanças entendeu que os lombitos da meia sardinha semanal da marinhagem também servia para não deixar afundar um banco que se assemelhava a uma máquina de lavar do caimão e outros jacarés...
Dos restantes naufragadores não reza a estória...
1 comentário:
és um puéta carago! glosas mêmo bem pá!
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