segunda-feira, fevereiro 06, 2006

O CARTOONISTA

O DN de hoje diz que os "Juízes revoltados evitam julgamentos depois das 17".
E acrescenta: "Há audiências marcadas só para 2008 na sequência desta espécie de 'greve de zelo' dos magistrados".

O que o jornal não diz é que a dita "revolta", e reparem na actualidade do tema, surgiu na sequência da publicação de sucessivos cartoons.

Maomé?
Não! Juízes!

E que dons artísticos denota monsieur le ministre.
Conseguiu, em poucos meses, transformar a magistratura portuguesa numa verdadeira caricatura de si própria aos olhos do cidadão.

Viva a liberdade!

Neste caso doméstico, porém, há novidades.

Não há fiéis para 'defender' o bom nome dos juízes.
Pelo contrário: Os fiéis vêm com sete pedras na mão e apoiando-se entre si, qual MAO (Multidão Acéfala Orientada), lá vêm balindo: Mmmmééééhéhéhéhéhéééé!

E depois surge cada bomba... de fumaça!
Não há, porém, necessidade de se queimarem "embaixadas" (basta deixar que elas caiam por si, pelos absurdos cortes orçamentais que mais não são do que fósforos e gasolina para aparentar auto-imolação pelo fogo).

Enfim... umas quantas bandeiras também foram queimadas pelos fiéis fundamentalistas, tais como: Os tribunais como órgãos de soberania; Os seus juízes como titulares de um órgão de soberania; Justiça em tempo útil; O cidadão como o principal beneficiário do sistema de justiça. Sem esquecer, claro, a democracia e o estado de direito.

Em verdade vos digo:

Como esta sociedade tem comportamentos que, por vezes, fazem inveja a um fundamentalista islâmico, impõe-se contra o obscurantismo e a desinformação que se informe e diga a verdade.

Ninguém explica de molde a ser ouvido pelo cidadão comum, nem a ASJP (sobretudo a ASJP), que a questão não é a diminuição das férias judiciais, mas antes a reivindicação de acabar com elas! (Se isto fosse dito ao cidadão comum, este ficaria muito admirado e diria: "Ora gaita, e eu a pensar que os gajos queriam era férias e mais férias. Estamos a ser enganados pelo cartoonista. Ora deixa-me cá ver o que é que afinal está verdadeiramente em causa").

Assim como também é importante relevar e enfatizar um pequenino exercício de raciocínio: "Se não realizar audiências depois das 17 horas conduz a que já se marquem julgamentos para 2008, é caso para evidenciar que, afinal, o trabalho realizado depois das 17 horas era uma parte substancial, de tal modo que a sua não realização deixa a nú o rei".

E, em consequência, uma simples constatação (mas é preciso ser dita): Afinal, o sistema vinha funcionando com trabalho extraordinário!

Mas, como o trabalho extraordinário não é (nem era) remunerado, podemos concluir que, afinal, o sistema de justiça lá vinha funcionando à custa de trabalho gratuito de juízes, de magistrados do Mº Pº, de funcionários...

(São estes pequenos-nada que por vezes "abrem" os olhos do cidadão).

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