segunda-feira, maio 09, 2011



14 ABRIL 2011

OS VERDADEIROS FACTOS DA CAMPANHA
Nos últimos dias, a "campanha" eleitoral tem sido constituída por um rol de "factos" que só servem para distrair os(as) portugueses(as) daquilo que realmente é essencial.
E o que é essencial são os factos.
E os factos são indesmentíveis.
Não há argumentos que resistam aos arrasadores factos que este governos nos lega.
E para quem não sabe, e como demonstro no meu novo livro, os factos que realmente interessam são os seguintes:

1) Na última década, Portugal teve o pior crescimento económico dos últimos 90 anos

2) Temos a pior dívida pública (em % do PIB) dos últimos 160 anos. A dívida pública este ano vai rondar os 100% do PIB

3) Esta dívida pública histórica não inclui as dívidas das empresas públicas (mais 25% do PIB nacional)

4) Esta dívida pública sem precedentes não inclui os 60 mil milhões de euros das PPPs (35% do PIB adicionais), que foram utilizadas pelos nossos governantes para fazer obra (auto-estradas, hospitais, etc.) enquanto se adiava o seu pagamento para os próximos governos e as gerações futuras. As escolas também foram construídas a crédito.

5) Temos a pior taxa de desemprego dos últimos 90 anos (desde que há registos). Em 2005, a taxa de desemprego era de 6,6%. Em 2011, a taxa de desemprego chegou aos 11,1% e continua a aumentar.

6) Temos 620 mil desempregados, dos quais mais de 300 mil estão desempregados há mais de 12 meses

7) Temos a maior dívida externa dos últimos 120 anos.

8) A nossa dívida externa bruta é quase 8 vezes maior do que as nossas exportações

9) Estamos no top 10 dos países mais endividados do mundo em praticamente todos os indicadores possíveis

10) A nossa dívida externa bruta em 1995 era inferior a 40% do PIB. Hoje é de 230% do PIB

11) A nossa dívida externa líquida em 1995 era de 10% do PIB. Hoje é de quase 110% do PIB

12) As dívidas das famílias são cerca de 100% do PIB e 135% do rendimento disponível

13) As dívidas das empresas são equivalentes a 150% do PIB

14) Cerca de 50% de todo endividamento nacional deve-se, directa ou indirectamente, ao nosso Estado

15) Temos a segunda maior vaga de emigração dos últimos 160 anos

16) Temos a segunda maior fuga de cérebros de toda a OCDE

17) Temos a pior taxa de poupança dos últimos 50 anos

18) Nos últimos 10 anos, tivemos défices da balança corrente que rondaram entre os 8% e os 10% do PIB

19) Há 1,6 milhões de casos pendentes nos tribunais civis. Em 1995, havia 630 mil. Portugal é ainda um dos países que mais gasta com os tribunais por habitante na Europa

20) Temos a terceira pior taxa de abandono escolar de toda a OCDE (só melhor do que o México e a Turquia)

21) Temos um Estado desproporcionado para o nosso país, um Estado cujo peso já ultrapassa os 50% do PIB

22) As entidades e organismos públicos contam-se aos milhares.
Há 349 Institutos Públicos,
87 Direcções Regionais,
68 Direcções-Gerais,
25 Estruturas de Missões,
100 Estruturas Atípicas,
10 Entidades Administrativas Independentes,
2 Forças de Segurança,
8 entidades e sub-entidades das Forças Armadas,
3 Entidades Empresariais regionais,
6 Gabinetes,
1 Gabinete do Primeiro Ministro,
16 Gabinetes de Ministros,
38 Gabinetes de Secretários de Estado,
15 Gabinetes dos Secretários Regionais,
2 Gabinetes do Presidente Regional,
2 Gabinetes da Vice-Presidência dos Governos Regionais,
18 Governos Civis,
2 Áreas Metropolitanas,
9 Inspecções Regionais,
16 Inspecções-Gerais,
31 Órgãos Consultivos,
350 Órgãos Independentes (tribunais e afins),
17 Secretarias-Gerais,
17 Serviços de Apoio,
2 Gabinetes dos Representantes da República nas regiões autónomas, e ainda
308 Câmaras Municipais,
4260 Juntas de Freguesias.
Há ainda as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional, e as Comunidades Inter-Municipais.

23) Nos últimos anos, nada foi feito para cortar neste Estado omnipresente e despesista, embora já se cortaram salários, já se subiram impostos, já se reduziram pensões e já se impuseram vários pacotes de austeridade aos portugueses.


O Estado tem ficado imune à austeridade.
Isto não é política. São factos.
Factos que andámos a negar durante anos até chegarmos a esta lamentável situação.

Ora, se tomarmos em linha de conta estes factos, interessa perguntar:
Como é que foi possível chegar a esta situação?
O que é que aconteceu entre 1995 e 2011 para termos passado termos de "bom aluno" da UE a um exemplo que toda a gente quer evitar?
O que é que ocorreu entre 1995 e 2011 para termos transformado tanto o nosso país?
Quem conduziu o país quase à insolvência?
Quem nada fez para contrariar o excessivo endividamento do país?
Quem contribuiu de sobremaneira para o mesmo endividamento com obras públicas de rentabilidade muito duvidosa?
Quem fomentou o endividamento com um despesismo atroz?
Quem tentou (e tenta) encobrir a triste realidade económica do país com manobras de propaganda e com manipulações de factos?

As respostas a questas questões são fáceis de dar, ou, pelo menos, deviam ser.
Só não vê quem não quer mesmo ver.
A verdade é que estes factos são obviamente arrasadores e indesmentíveis.
Factos irrefutáveis.
Factos que, por isso, deviam ser repetidos até à exaustão até que todos nós nos consciencializássemos da gravidade da situação actual.
Estes é que deviam ser os verdadeiros factos da campanha eleitoral.
As distracções dos últimos dias só servem para desviar as atenções daquilo que é realmente importante.
Álvaro Santos Pereira


Álvaro Santos Pereira é docente da Simon Fraser University (Vancouver, Canadá), onde lecciona as disciplinas de Desenvolvimento Económico e Política Económica. É professor na University of British Columbia, onde ensina Macroeconomia. Já leccionou nos departamentos de Economia da Universidade de York (2005-2007) e da Universidade da British Columbia (2000-2004). Doutorou-se em Economia em 2003 na Simon Fraser University. Licenciou-se pela Universidade de Coimbra. É colunista do jornal PÚBLICO. Desde 2001, colabora no Diário de Notícias e no Diário Económico, e tem escrito para a revista EXAME, o Expresso e o Jornal de Notícias Nasceu em Viseu em 1972. É autor do blogue Desmitos (desmitos.blogspot.com)
 
 
 
O responsável é esta porcaria, este burgesso:
 
 

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