segunda-feira, dezembro 17, 2007

O FIAT 600

- Bom dia senhor ministro primeiro, bem-vindo à nossa reunião semanal.
- Gudemórningue senhor presidente, bom dia... desculpe... sabe, ainda não me habituei...
- Acho-o um pouco... o senhor ministro primeiro está bem de saúde?
- Sim, sim... a saúde não me preocupa. Eu sou um maratonista... superior... excelso e...
- Pois, sim, sim...
-...mas... sinto-me perdido, sabe...
- Então, então, meu caro amigo, é a vida...
- Isso é o que dizia o outro... e veja no que deu...
- Pois. Habitue-se! Olhe para mim! Eu! Presidente de um país... de um país de pobres!
- Senhor presidente, olhe que o meu caso é mais grave, se me permite: Ele era merkls, ele era sarkozys, ele era kadafis, ele era putins, ele era bushs, ele era tudo! tudo...
-Bom, mas nada mudou.
- Ai não?! Ai não!? Eu, excelso, superior, supremo, EU! metido nisto... Agora, ele é santanas e menezinhos, portas, jerónimos e louçãs, para já não falar em manelinhos alegres... sufoco! Sufoco! SUFOCO!!!
- Então... então... é a vida... (ó mariazinha, depressa, telefona aí pró júlio de matos e pede para trazerem um daqueles coletes brancos. Depressa, antes que ele rebente de tanto não se conter em si!).

quarta-feira, dezembro 12, 2007

A IMPORTÂNCIA DO CÓDIGO

- Eu sou excepcional, pá! Ó' pra mim a conduzir tão bem!
- Na verdade, Zé, tu és o maior! Que magnífica condução!
- É verdade Zé... o Tosco tem razão. E olhem que o carrito nem sequer é um ferrari...
- Na verdade, eu conduzo muito bem! Eu sou um verdadeiro Juan Manuel Fangio!
- Ó Zé... reparo agora que os passageiros parecem enjoados, pelo menos a maior parte deles...
- Será da tua condução?
- Da minha condução? DA MINHA CONDUÇÃO!??? EU CONDUZO MAGNIFICAMENTE!!! EU SOU O MAIOR!!! Não fosse o Mourinho roubar-me a deixa, eu seria mesmo o special one!
- Claro! Claro, Zé!
- Aliás, pergunta aí aos gajos se estão enjoados.
- Olhe lá ó... ó... passageiro: 'tá enjoado?
- ... um bocadito...
- E pergunta-lhe se é da minha condução, Pereirinha.
- É da condução de Sua Excelência O Condutor?
- ...é-é-é-...
- É, pá! É! Ele diz que é!!
- Da minha condução? DA MINHA CONDUÇÃO? Eu, que conduzo a Europa!? Eu, que conduzo o Mundo!? Eu que conduzo o Planeta!? Eu, que conduzo o UNIVERSO!!!???
- Da condução dele? Ele que conduz a Europa? Ele, que con...
- Chega! Chega, Pereirinha, pergunta-lhe de um vez o que é que tem a minha condução de errado!
- O que é que a condução de Sua Excelência O Condutor tem de errado? Hem? Hem?
-...n-n-n-nada...
- Nada?! Ah! Bom!!
- A... a... a condução n-não tem n-nada de e-errado... a rua é que é de sentido proibido...

terça-feira, outubro 23, 2007

AS VERGONHAS DE FORA...

— Eu... eu tenho vergonha. Muita vergonha.
— Bom... senhor presidente... também não é caso para tanto, vamos lá...
— Na verdade, ser presidente de um país de pobres não é lá grande coisa, sabe... Não é o que sonhei para mim senhor ministro primeiro.
— Bem... não podemos fazer outra coisa, senhor presidente... bem vê... o défice, não é verdade... o senhor, que é economista, concerteza não só compreende como também subscreve a solução.
— Bem... o meu maior problema é a vergonha que sinto por ser presidente de um país de pobres. Sabe, ainda pensei ficar indignado, verdadeiramente indignado com a pobreza e o empobrecimento dos Portugueses, mas depois... percebi que a indignação pressupõe uma certa proactividade que iria pôr em causa o nosso esforço comum...
— Muito obrigado senhor presidente...
— ... e foi então que percebi que o mais importante é a vergonha de ser presidente de... de... de pobres, enfim...
— Ora, ora, senhor presidente, bem... o importante, como sabemos, é o défice! O défice e a manutenção dos baixos salários e rendimentos dos cidadãos.
— É verdade, é verdade... que vergonha... que vergonha...

terça-feira, outubro 16, 2007

O PICEC

Para o caso de ainda não terem reparado, tomem nota de que estamos num Processo de Empobrecimento Colectivo Em Curso.
E para o caso de ninguém conseguir travar, a tempo, a besta-desgovernada-mas-de-esgar-odioso-com-pretensão-a-sorriso-para-quem-as-manifestações-públicas-de-oposição-à-besta-desgovernada-são-uma-festa-da-democracia, vislumbro que o Processo de Empobrecimento Colectivo Em Curso se venha a transformar em Processo de Indigência Colectiva Em Curso.
Exactamente: Um verdadeiro PICEC!
Claro que há excepções.
Há quem ande a tratar da vidinha...
Da sua vidinha.
À custa da nossa...
E da dos nossos filhos...

segunda-feira, agosto 13, 2007

COMO MEMORAR

- Quem?!
- Torga, isabelinhapirilau, Torga!
- Tosga? Hic! Caganda maluca!
- Ó qrida! Ó isabelinhapiripau, qrida! Olhe pra mim, vá: TORGA! Cem anos do seu nascimento, tá a ver?! TORGA!
- Pois... hic... TOSGA! Hic...
-FOSCA-SE...

PROPAGANDA = CRER PARA VER

Quem ouve o ministro primeiro nas suas faladuras moles não o leva preso.
Não que ele não carecesse do mesmo remédio que receita à maioria dos Portugueses, aprisionados nas malhas de uma governação cuja razão assenta na força do seu autoritarismo e obstinação e na superioridade moral de uma prática e discurso hegemónicos tanto quanto balofos.
E todavia...
E, todavia, o seu discurso situa Portugal e os Portugueses no melhor dos mundos, no melhor dos caminhos, na melhor das vias rumo à... à... ao... sei lá... a qualquer lado...

Cego é aquele que não quer ver.
Embora eu acredite que o fulano nada tem de cegueira desse tipo.
É, isso sim, um sabidolas tecnocrata e obstinado, com um brinquedo novo.

As pessoas, se já não eram, passaram a ser meros números, mera estatística, carne para canhão.
O bem-estar social e pessoal está totalmente afastado da decisão política.
Os critérios economicistas prevalecem em todos os sectores, em todas as situações.

O que permite depois a políticos sem vergonha vir a público brilhar em discursos de cínica indignação quando se descobre, por exemplo entre muitos outros de semelhante índole, que o Estado obriga pessoas em estado de saúde terminal ao trabalho inumano até à hora da morte, negando-lhes os mais basilares direitos sociais que o Estado de Direito parece garantir-lhes do ponto de vista constitucional e legal.

Se medido em termos de salários médios, a qualidade de vida dos Portugueses situa-se 40% abaixo da média europeia.

É quase metade da média europeia.

Porventura é uma questão estrutural: Como já anteriormente aqui sugeri, provavelmente os Portugueses, enquanto povo supostamente competente para se autoguindar na vida, estão nos limites da sua competência; Da sua competência de organização, de trabalho, de realização, de empenhamento; E também da sua competência para a autogovernação, ou seja, para produzirem e elegerem, no respeito pelo regime democrático, aqueles que melhor podem servir a causa pública.

Sem querer ser negativista, de nada vale a autoconfiança e o discurso positivo.
Rápidamente são ultrapassados pela dura realidade.
Resta a alienação.

Aproveitemos, pois, o resto da alienação de Verão.
Deixemos que apenas o Setembro nos devolva a realidade.

Depois virá o Natal e o barulho das luzes deixará a todos muito felizes, ou quase todos... ou muitos... bem... alguns... ou..., bem, pelo menos uns tantos... enfim...

Até lá, creiam, caros amigos, creiam.
Para poder ver!

Se alguém tiver dúvidas de como isso se faz, que vá a uma sessão da Igreja Universal e verão!

Aliás, disseram-me que o ministro primeiro foi ao Brasil fazer um workshop, ministrado pela dita Igreja.

Há, pois, boas probabilidades de passarmos a ver paralíticos a andar e gagos e fanhosos com supremos dotes de oratória.
Não nas ruas, mas no discurso político.

quarta-feira, julho 18, 2007

QUE RESPONSABILIDADE TEM UM GOVERNO?

Qual a responsabilidade que recai sobre os eleitos que "governam" o país?

Vejamos um exemplo dos mais simples, mesmo simplista no contexto da governação em curso.

O Ministério da Educação elabora exames para avaliação de alunos.
O exame serve para examinar os alunos, sendo valoradas as respostas certas, não se valorando as respostas erradas ou valorar-se-ão negativamente.
Simples.

Mas como enquadrar uma entidade que pretende avaliar os erros de alunos se ela própria labora erro atrás de erro nos enunciados dos exames que servem para avaliar os erros dos alunos?

Estão a ver a coisa??!

Este é um simples (dos mais simples) exemplo de enormes prejuízos causados pela má governação.

Diz o Governo: Há que implementar um sistema de avaliação dos funcionários públicos, pois só os melhores deverão progredir mais rapidamente.
Concorda-se com o princípio.

Por isso mesmo e por se afigurar justo, a questão que se nos coloca é a seguinte:

QUEM AVALIA O GOVERNO E A GOVERNAÇÃO?

Dir-me-ão: Os cidadãos. Nas urnas. Com o seu voto.

Sim, mas essa é uma "avaliação" em resultado de uma manipulação do avaliador-eleitor, por via de campanhas eleitorais que vendem mais banha-da-cobra do que passam ideias válidas.

Para que o sistema seja justo, proponho:

A) A atribuição de uma compensação pecuniária mensal a cada funcionário público, para efectuar campanha séria em prol da sua melhor avaliação junto do respectivo superior hierárquico-avaliador;
Ou, dito de outro modo, proponho que o lamber das botas seja subsidiado, tal como as campanhas eleitorais; (E porque não? Num país que vive de mão estendida...)

B) E que os membros do Governo paguem do seu bolso os prejuízos resultantes dos erros por si cometidos como, de resto, acontece com qualquer funcionário Público.

Quem nos defende desta gente?

terça-feira, julho 10, 2007

POR FAVOR, NÃO RESPONDAM TODOS AO MESMO TEMPO

Não é de retórica.
É uma pergunta séria (aliás, notem como ela não se ri):
Com excepção de uns remendos aqui e ali, aparentando especial motivação nas ondas de choque de uma qualquer casa pia e mais umas aldabrices de apito ao peito, urbanismos manhosos e quejandos, e ainda que mal pergunte, alguém sabe qual é o rumo da política na justiça em Portugal?

segunda-feira, julho 09, 2007

ESTRATÉGIA CANINA

O gato, frente ao seu comedouro, remoe o granulado, na satisfação do empanturramento sem critério.
O cão, que - vá lá saber-se porquê - gosta ou finge que gosta de granulado de gato, bispa o bigodes na comezaina e inicia a sua estratégia de desalojamento.
Sem alarido, entenda-se.
Primeiro, dirige-se-lhe e queda-se, imóvel, a cerca de um metro de distância.
Não ladra, não morde, não se mexe sequer.
Olha apenas, fixamente, o gato.
O gato apercebe-se, deixa de comer, vira ligeiramente a cabeça em direcção ao cão e permanece, ele também, imóvel.
O jogo de forças iniciou-se.
Sem ideias, um e outro.
Apenas poder latente.
O gato imóvel.
O canídeo inicia então, milímetro a milímetro, um movimento em direcção ao felino.
Suavemente.
Como quem não quer a coisa...
Aproxima-se mais e mais.
Suavemente, vagarosamente.
Até que a sua cabeça fica quase junta à do gato.
Impasse.
Tensão.
Às tantas, a presença imposta do cão é tão forte que o gato, num movimento de repulsa, salta e fica ao largo.
Resmunga, mas... cede o lugar.
Quanto mais não seja, por pudor.
Há pessoas assim.
Perdão, há cães assim.
Sub-reptícios.
Manhosos.
Que fazem das regras do jogo - 'cada um come na sua gamela' - mera semântica...
E no fim, sempre poderão afirmar: Eu?! Eu não! Ele é que se foi embora! Eu até nem disse nada!...
Quem ? Eu? A directora da DREN é que...
Bem, isso é outra estória...
Cães sortudos, é o que é.
Cães com dono.
Cães que, mesmo sem mérito, levam os melhores nacos de carne.
E ainda comem o granulado do bichano.
O meu cão é tão bem tratado que eu até já lhe disse: "Foge cão que te fazem barão!"
E ele, rafeiroso bastardo, respondeu-me: "Para onde, se me fazem conde?".

sábado, junho 09, 2007

COMO TOCAR SOCRATINA

- Ó Zé, mas hoje não é dia de reunião no Concelho dos Mnistros!!!
- Eu sei, Pereirinha, mas esta é uma reunião extraordinária! E secreta!

Na sala: Blá blá blá pois # e depois..$73 e vai daí blá blá zzzzzzz bzz e ele disse *+#sssjº+...

- Chiu! Cchhiiiiu! Ora calem-se lá, pá! Caros amigos, em face das últimas... hã hã... das últimas... enfim, das últimas!, vamos a uma pequena lição para evitar males futuros.

- Lição, Zé? Mas tu podes ser professor? Se nem aluno, assim aluno-aluno, foste e...

- LINÓLEO! Outra dessas e vais de carrinho ou... de avião para a.. margem Sul!
- Tá bem, tá bem! (mas eu pelo menos tou inscrito na Ordem...)
- Bem, bem! Meus amigos, nem eu compreendo como é possível tanta bacorada junta!

(grunhidos na sala e ajeitar de cadeiras)
- Especialmente num país de cegos! Quando afinal nem é preciso ter um olho! Basta dizer que se tem um olho!
- Pôrra Zé! Sabes que nunca tinha pensado nisso dessa maneira...
-Ora, vamos lá a aprender e ouçam com atenção:
- O que é que nós devemos fazer?

- A NOSSA vontade!
- Como fazer?
- À NOSSA maneira!
- E se a nossa vontade colidir com o interesse público?
- MENTE-SE!
- E se alguém nos descobre a careca?

- DESMENTE-SE!
- Perceberam? HEM?!
- Onde está a dificuldade disto? Hem??


(mais grunhidos na sala, uma tosse e um arrastar de cadeira)

- E no mais, façam como eu: SILÊNCIO!
- E quando é que se quebra o silêncio?
- Para afirmar a NOSSA vontade!
- E o que se faz a qualquer opinião alheia?
- IGNORA-SE!!
- Porquê?
- Porque fazemos tudo à NOSSA maneira!
- E o interesse público?
- IGNORA-SE!
- E se alguém descobre?

- MENTIMOS!
- E se alguém descobre?
- DESMENTIMOS!

(silêncio sepulcral na sala)

- Ora pôrra!!! Isto é difícil????

(silêncio)

- Linóleo, Pinhotosco, Albertosco, Correiadetransmissão, Ma-ma-ri-ri-a-a-no-no, Marilerda, Isabelinhapirilau, isto é difícil? HEM??!

quarta-feira, junho 06, 2007

LEI? ESTADO DE DIREITO? AH! AH! AH! AH! AH!

... e quando pensamos viver num mundo balizado pela lei e pelo Direito, ou seja, pelas regras produzidas pela sociedade para a sociedade, vem um qualquer com um qualquer poder e... pode-nos.
É isso: Pode-nos, isto é, possui-nos.
E ficamos tão possuídos que paralizamos.
E é então possível perceber claramente como foi um Hitler capaz de levar por diante, com a ajuda de milhares e a conivência de milhões, o extermínio sistemático de seres humanos.
Como se nada fosse e de sorriso ao peito.
Nos dias que correm neste país-zinho, vamos assistindo às mais abjectas manigâncias, aos atropelos de direitos e interesses elementares, à matança do Estado de Direito, ao funeral da democracia.
Assistimos, impávidos e serenos...
Apáticos.
Incapacitados.
Enredados nas próprias dores da inacapacidade.
Sombras de nós mesmos.
Há aí um pequeno grupo de 80's que sabe do que eu estou a falar...

segunda-feira, maio 07, 2007

O VERDADEIRO 4º PODER

Qual media qual carapuça!
Humor!
O grande, o verdadeiro, o único 4º poder: O do humor! Ou dos humoristas (se quiserem)!
O que não deixa de ser paradoxal: Num país triste, de gente triste (o mais das vezes), é o humor a repor a verdade dos dias...

sexta-feira, maio 04, 2007

DECEPTUS DIXIT

Por favor,
tolhido que estou nos meus movimentos (e quantos não estão, cada vez mais...), agradeço que alguém abra uma porta.
Ou mesmo uma janela.
É que o cheiro é já insuportável...

terça-feira, abril 10, 2007

DE COMO CADA VEZ MAIS GOSTO DOS SAPOS

Por algum motivo que não identifico, tenho-me mantido afastado desta espécie de blog.
É, talvez, a minha forma de alienação (no que ao blog concerne).
Por alguma razão, este blog foi sendo o depositário das minhas angústias enquanto cidadão político e nele fui escrevinhando aquilo que me parecia evidente sobre o Governo e aqueles que o integram.
Agora, e cada vez com maior frequência e assertividade, basta ler os jornais para se ver, nesta conjuntura, a verdadeira natureza dos males do país.
Diariamente, escreve-se nos jornais aquilo que bem poderia ser um post do excêntrico.
Deixou de haver motivo para dizer aqui aquilo que se antevia e que agora vem a público em cada pasquim.
Pelo menos até à próxima campanha aguda de propaganda e lixiviação orquestrada pela fandangagem do Governo, não me apetece falar dos ditos fulanoides.
É que dá-me náuseas.
Vómito!
Quanto não aprecio, muito mais!, o carácter de um cão, de um burrico, mesmo de um sapo!

De repente, uma pessoa percebe que vive 70, 80 anos.
E desses 70 ou 80 anos, com algum 'azar', apanha governos deste calibre durante anos e mais anos.
Os anos todos!
E percebe que a felicidade pessoal e colectiva se degrada, ainda mais, por acção deste e doutros governos, percebe que muita da infelicidade pessoal e colectiva advém de governação criminosa, de actuação política corrupta, de vivência viciada pela mão dos interesses subterrâneos.
Dependemos, todos nós "outros", da idiossincrasia dos interesses escusos da classe dominante e das suas corrupções.

De nada vale o empenhamento pessoal se, por via corrupta, uma pessoa de bem, uma empresa de bem, se vê afastada de um percurso conquistado a pulso, de um direito, em favor de um qualquer borrabotas bem apadrinhado.
De nada vale o tremendo esforço imposto a uma população já de si depauperada, quando as vias ínvias e corruptas (desde a mais pequena informação privilegiadora de um amigalhaço ao último dos assessores xuxões) sugam ao Estado (a todos nós) mais do que aquilo que se "poupa" pela via da imposição de sacrifícios.

Portugal é, continua a ser, e conjunturalmente por vezes é ainda mais, um país triste, de gente triste.
Triste e alienada.
Aliás, a alienação (v.g., entre muitos outros, pelo fenómeno do consumismo) é talvez a única forma de suportar este país.

Gente, também, iludida!
A ilusão de que, em cada sufrágio, vai mudar alguma coisa.

Como se vê, e a história prova à saciedade, só as moscas mudam!

Alienemo-nos irmãos...

segunda-feira, março 12, 2007

ÍDOLOS COM PÉS DE BARRO

Diz que o Governo está em queda de popularidade.
Gente ingrata, é o que é!
Andam por aí, a arrastar-se pelos cantos, de voto em punho, à procura de alguém... assim... determinado... convicto... autoritário...
E, como sempre, quem procura sempre encontra.
E encontraram.
E elegeram-no.
E ele não desiludiu: Foi determinado, convicto e autoritário.
E isso deu ou dá resultados para o país?
Não! Claro que não!
Mas o que que isso interessa?
O que importa é que o gajo é determinado!
Determinado a fornicar-nos a vida com aumentos encapotados e sucessivos dos impostos, com perda da qualidade de vida, com políticas económicas ineptas, baseadas no baixo custo salarial, com subida do compradrio e dos interesses escusos instalados.
Tudo em nome de valores que ninguém sabe quais são; em nome de interesses que todos adivinham e alguns até se vêem; em nome de um povo que neles votou (alguns votaram) ao engano; em nome de um programa de governo que logo que se se soube do resultado eleitoral foi atirado para o lixo...
Até o (_,_) da justiça já diz que vai mexer novamente no regime de férias judiciais; que pode até acabar este regime de férias.
Ó (_,_), antes de tu o dizeres já muito boa gente o tinha sugerido e o tinha até pedido, como por exemplo as associações dos juízes, do Ministério Público e dos funcionários judiciais!

Pois é: Diz que o Governo está em queda de popularidade...
Mas não será por muito tempo.
Gentalha desta tem recursos inesgotáveis para o engano.
E em boa verdade, uma boa parte do povo português gosta de ser enganado.

Ou pelo menos iludido...

domingo, março 11, 2007

NOVAS OPORTUNIDADES

Anunciado com pompa e circunstância: 5,1 biliões (BILIÕES!) de euros para formação.
De quem?
Dos desempregados e daqueles que "estando a trabalhar têm a sua situação precarizada por deterem um baixo nível de qualificação".
Ou seja, o programa dirige-se aos desempregados. Os actuais e os imediatos.
Mas isso é mau?
Não!
É óptimo! Sério: Ainda bem que a União Europeia abriu os cordões à bolsa.
Ainda bem para o Povo português, desde logo, pois a real situação de uma parte significativa da população deste país é a insuficiente e inadequada formação académica e profissional.

Amen.

E assim é que é: O futuro constrói-se já a partir de hoje!
Por isso é que o contraponto, que é ouro sobre azul para o clube de amigos a que nos habituàmos a chamar Governo, é tão interessante.
Com este programa, inicia-se a pré-campanha eleitoral para 2009.
Até lá, estou em crer que pelo menos 150.000 desempregados, actuais e imediatos, deixarão de o ser.
É que cada formando, por via dessa iniciativa, abandona a listagem dos desempregados e passa automaticamente para a dos empregados.

E a estatística aí vai estar a confirmar tudo! Porque os números não mentem (e nem precisam, com pinóquios tão engenhosos ...).
E eis como essa enorme bandeira do combate ao desemprego vai resultar em cheio, num país que cada vez mais tem menos onde cair morto.

Eis como, sem condições para criar riqueza nem produzir novos postos de trabalho, o país vai ter menos desemprego e o dito Governo vai poder agitar a fantástica bandeira do pleno emprego!

Em boa verdade, de tudo isto restará a formação que validamente cada cidadão português receber.
Ainda bem.
Valha-nos isso.
Mesmo que não se saiba muito bem se, para além de constituir bandeira política, esta anunciada formação tem objectivos concretos e definidos, para além da mera e válida formação pessoal...

terça-feira, fevereiro 27, 2007

CARTILHA DA MANIPULAÇÃO - 9 - A CULPABILIZAÇÃO

Estratégia da culpabilização.

O jumento político não se inibe, e pelo contrário cultiva, o discurso da culpabilização de todos os outros e do alijamento das responsabilidades.

Assim, o cidadão ruminante é conduzido pela mão à manjedoura da sua infelicidade, da insuficiência da sua inteligência, da sua incapacidade, da sua impreperação, da sua improdutividade.

Coitado!

Não pode haver melhor inibição da revolta e da acção.

O estado depressivo colectivo é um bem precioso nas mãos de veludo do jumento político.

CARTILHA DA MANIPULAÇÃO - 8 - O HIPERBOLIZAÇÃO

A estratégia da hiperbolização.

O jumento político hiperboliza constantemente.

Fá-lo, contudo, de forma sub-reptícia, contundente e no momento próprio.
Assim consegue exagerar os factos do discurso para produzir uma impressão mais forte.

Por exemplo: Existem cerca de um milhão e meio de processos pendentes nos tribunais do país.

Segundo estatística não credível nem verosímil, houve um decréscimo de cerca de 6.500 processos no ano de 2006.

6.500 processos num universo de cerca de 1.500.000 processo é uma gota de água no oceano.


Infelizmente.

Apesar disso, não deixa de haver um discurso hiperbolizado da tão retumbante vitória da... da... da democracia? dos juízes? dos funcionários? dos advogados, não, não, não não!

Da medida sobre a redução das férias judiciais (das quais se dizia haver um ganho de 15%!)!

É evidente a tentativa de imbecilização em curso.

CARTILHA DA MANIPULAÇÃO - 7 - O OBSCURANTISMO

Estratégia do obscurantismo.

O jumento político tudo fará para, ou nada fará para evitar, manter uma boa parte dos cidadãos (os da classe não política e não económica) no obscurantismo.

Quer no que toca à qualidade da educação pública, quer quanto ao acesso a essa mesma educação.

O grau da ignorância é de tal ordem que entre os mais carecidos impera a taxa de maior abandono escolar e entre os mais bem posicionados socialmente impera a de maior sucesso, escolar e na vida pós-escolar.

A igualdade de oportunidades é uma miragem.

O resultado é um Estado e uma Sociedade em que uns quantos, muito bem formados e informados, aconchegados e apadrinhados, ocupam todos os cargos de topo, enquanto a maioria é mantida no obscurantismo, julgando embora ter poder, pelo exercício do "direito e dever cívico" do voto.

E porque não se muda este estado de coisas?

Porque entre a prateleira de baixo e a prateleira de cima há uma barreira.

E essa barreira é composta por organizações elitistas, dominadas pela respectiva nomenclatura: Os partidos políticos.

É, pois, conveniente manter na ignorância e no disparate a parte maior dos cidadãos ruminantes, silentes comedores de palha.

Porquê? Porque são a maioria. Com direito a VOTO.

Quanto mais se mantiverem num obscurantismo e ignorância mais manipuláveis são.

CARTILHA DA MANIPULAÇÃO - 6 - O CHORADINHO

Estratégia do choradinho.

O jumento político, especialmente em países, como o nosso, de gente emotiva, faz apelo ao emocional, de preferência ao racional.

O plano emocional, em oposição ao racional, é o plano ideal para a sementeira de ideias, medos, desejos, pulsões, comportamentos...

CARTILHA DA MANIPULAÇÃO - 5 - A IMBECILIZAÇÃO

Estratégia da imbecilização.

O jumento político dirige-se aos cidadãos como se cada um deles fosse um imbecil.

Ou como se tivesse 10 anitos.

O tom infantilizador do discurso político é uma arma utilizada na razão directa do engano a perpetrar.

A imbecilização e infantilização do cidadão por via de discursos imbecilizadores e infantilizadores suscitam nos cidadãos uma resposta tão destituída de sentido como aquela que é susceptível de ser produzida por um imbecil ou um infante de 10 anos perante problemas sérios e complexos.

CARTILHA DA MANIPULAÇÃO - 4 - O DIFERIMENTO

A estratégia do diferimento.

O jumento político sabe que a melhor maneira de fazer aceitar pelos cidadãos as medidas impopulares ou ablativas de direitos é a obtenção, no presente, de concordância na aplicação, no futuro, das medidas apodadas de dolorosas mas necessárias.

É a história dos "encontros com a história".

É a história das inevitabilidades, do "se nada fizessemos, então seria o caos!".

É mau?
É bom?

Nem uma coisa nem outra.

É preciso apenas ter consciência do facto para que, embora virados para manjedoura, não sejamos uns perfeitos ruminantes.

CATILHA DA MANIPULAÇÃO - 3 - O ESBATIMENTO

Estratégia do esbatimento.

O jumento político é paciente e sub-reptício.

Por isso, usa frequentemente pezinhos de lã.

Pacientemente, vai implementando de forma gradual, e por vezes aparentemente desconexa, medidas que fazem parte de uma realidade nova que se fosse implementada de uma só vez originaria grandes contestações e pura repulsa.

É o caso em curso na Justiça.

Com medidas graduais e avulsamente tomadas (aparentemente) vai-se implementando um novo paradigma que resultará na sujeição do poder judicial ao poder político, pela via mais ínvia e camuflada, travestida embora de legalidade e conformação constitucional.

CARTILHA DA MANIPULAÇÃO - 2 - SEMEAR PARA COLHER

Estratégia da sementeira

O jumento político pretende impôr mutações não pacíficas ou de ataque a certos grupos de cidadãos ou profissionais, etc.

Como fazer?

Inicia o ciclo v.g. pela descredibilização, por exemplo, dos juízes, afronta os médicos, menoriza e insulta os professores, gere ou deixa que sejam geridos mal e porcamente fundos públicos, etc, etc.

Pode criar uma crise, económica, social, política, etc, ou deixar que se crie.

Depois?

Depois é só implementar o, agora, mal necessário como solução e proceder ao recuo dos direitos sociais ou ao desmantelamento das estruturas do Estado de Direito, jus-políticas, sociais, etc, sem problemas de maior.

Os cidadãos, longe já dos factos originários do problema, papam a papa sem papas e pás: Manjedoura, virados para a parede, que é a postura dos cidadãos mais conveniente ao jumento político!

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

CARTILHA DA MANIPULAÇÃO - 1 - A DIVERSÃO

A estratégia da diversão

O jumento político é um chico-esperto com os bolsos cheios; também de estratégias.

Como forma de controle social a estratégia da diversão mais não é do que o desviar da atenção dos cidadãos das questões importantes e das mutações introduzidas pela elite política e económica.

Como?
Pela jogo contínuo das distrações e insignificâncias.

O cidadão fica, assim, impedido de se interessar pelo essencial, mantido à distância dos reais problemas, cativado pelas insignificâncias.

Resultado: O cidadão fica tão ocupado, tão ocupado, tão ocupado que, sem tempo para pensar, vira-se para a manjedoura e rumina, juntamente com os restantes animais.

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

APRENDAM, meninos, APRENDAM!

Diz a revista Visão, na sua actual edição e sob o título "Como vai mudar a Justiça fiscal" , que "o certo é que a nova Justiça tributária pode ainda ser pioneira, numa outra medida, cara a este Executivo: o acesso de não magistrados aos tribunais".

Para quem tinha dúvidas de que os juízes já nasciam juízes, eis aqui a "prova".

Note-se a magnitude de tão importante medida deste Executivo ao permitir, pela primeira vez quiçá, que não juízes acedam ao exercício da judicatura!

Ainda que mal pergunte, alguém sabe onde fica a maternidade dos juízes?

A Adelaide, minha amiga vendedora de castanhas no Inverno e orquídeas no Verão, perguntou-me e eu não soube responder-lhe:
"Ó sr. dr., comé queu faço pró meu filho nascer juiz?
É preciso preencher algum formulário ou assim?
E onde é que será isso? Na Junta ou será na cambra?"

Não soube responder-lhe...

terça-feira, fevereiro 13, 2007

PEZINHOS DE LÃ

Xeque-mate em cinco jogadas:

1ª jogada: Descredibilizar os juízes;

2ª jogada: Descredibilizar os Conselhos;

3ª jogada: Fornecer meios e instrumentos de controlo aos Conselhos (paradoxal? não! Em primeiro lugar porque credibiliza a actuação política quanto aos Conselhos e aos magistrados; Em segundo lugar porque deixa normativamente consignado, em altura insuspeita, os ditos instrumentos, para utilização futura);

4ª jogada: Modificação da composição dos Conselhos, ou do Conselho (por absorção do administrativo), afastando da sua composição os juízes e com controlo absoluto pelo poder político;

5ª jogada: Acesso ao Supremo por escolha (côr dos olhos? do cabelo? não! mas certamente pela côr).

Cogitação 1: Ou eu sofro da mania da perseguição (e somos muitos com esta mania) ou o fim do princípio da independência dos tribunais teve início com a jogada das férias judiciais.

Cogitação 2: Que juiz , nesse cenário, decide com independência? Tendo sobre a cabeça uma de Dâmocles?

Cogitação 3: Feito com pezinhos de lã, tudo isto pode revestir uma forma de aparente legalidade e conformação constitucional e só no funcionamento do sistema, dentro do convento, é que se notam as suas corruptelas.

Cogitação 4: Lembro-me da Constituição semântica de 33, apodada de semântica precisamente por ser ou ter sido ultrapassada por vil realidade que, todavia, dela se alimentava sugando-lhe os rebentos de legitimação formal.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

PORTUGAL MODERNAÇO

Portugal está cada vez mais moderno.

Excepto na qualidade de vida da maioria das pessoas;
Excepto no custo de vida, cada vez mais caro;
Excepto nos salários, dos mais baixos da Europa (felizmente, uma mais-valia na China!);
Excepto nos preços dos combustíveis, dos mais altos da Europa;
Excepto quanto à felicidade individual, endividada aos bancos e às empresas financeiras;
Excepto quanto ao trabalho P.P.PUM (Parco, Precário e ao Preço da Uva Mijona);
Excepto no campo da saúde, com filas de espera infindáveis nos hospitais;
Excepto no campo da educação, com uma ministra cuja vocação e actuação máxima é ser directora de recursos humanos e mesmo aí, um desastre...
Excepto no campo dos impostos, que sobem, sobem e... ninguém refila!
Excepto...

Enfim, coisas sem importância...

Agora, uma coisa é certa: No que realmente importa, Portugal é um país modernaço!

Isto digo eu... a avaliar pela festa político-partidária (com ares de biombo...).

Aliás, o que seria de Portugal sem os partidos políticos que tem?

Ou será o povo?

Pois é: O que seria de Portugal sem o Povo que tem?!

Viva o Povo Português!

Porque tem o que merece!

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

NEURÓNIOS, PARA QUE VOS QUERO?

Não quero e não vou aqui discutir o problema do aborto (ui! perdão... desde que os contínuos passaram a auxiliares de acção educativa que se diz interrupção voluntária da gravidez. Não choca e parece... outra coisa, assim mais sofisticada, técnica, moderna e de nível).

Discute-se muito sobre o momento em que há vida, em que "algo" é embrião ou é outra coisa qualquer, etc, etc e etc.

Os "cientistas" dizem e desdizem o que lhes apetece, como lhes apetece.
Diz-se o que se quer, com foros de ciência, para justificar prévias posições políticas sobre o assunto.
Portanto, nada que seja confiável.

Pensemos antes pela nossa cabeça, à maneira cartesiana.

Uma certeza, absoluta, nós podemos ter:
Antes de se unirem o óvulo e o espermatozóide não há vida, não há nada, apenas um óvulo e um espermatozóide.

A segunda certeza absoluta é:
Tudo o que tiver de acontecer acontece depois de o óvulo e o espermatozóide se unirem.

A terceira certeza absoluta é:
Depois da união do óvulo com o espermatozóide assiste-se, pela regra natural, a um processo de crescimento contínuo que culmina, ao fim de nove meses, em regra também, com o nascimento de um ser humano.

Isto parece ser certo.

O mais que por aí se diz são apenas interesses, quantas vezes escusos, a utilizar uma pseudo-ciência como muleta.

No mais, cada um que pense por si.

domingo, fevereiro 04, 2007

DIVAGAÇÕES

Quero dizer a todos, ou talvez a ninguém, o quanto do meu encanto pela vida.

O gosto pelas coisas simples mas profundas.

A minha teimosia em crer na natureza humana.
E em amar, teimar em amar.
Mas já não sei quem...

O aconchego da minha almofada nocturna ou do meu recanto à beira-mar, o marulhar das ondas, já não são solidões, mas antes companhias, cumplicidades...

Lanço os marcos da minha vida, balizo-me pela segurança da navegação à vista.

Já não confio em bússulas.

Acredito num Deus só meu e algures por aí sei que anda um balãozinho verde com a minha esperança dependurada...

NOTÍCIAS

Notícias: O governo anaximandro contribuiu decisivamente para o avanço da ciência jurídica em matéria tributária, assegura o sindicato nacional dos carneiros tosquiados e mal pagos.
Na verdade, e nas próprias palavras do jurista de serviço daquele sindicato, "aos impostos directos e aos indirectos o governo juntou agora uma nova categoria de impostos: os encapotados".
E acrescentou: "É um grande avanço para a ciência jurídica e sobretudo para a pacificação nacional, já que o imposto, sendo encapotado, passa despercebido, não dá aso a manifestações de repúdio da sevícia tributária, nem à invocação de ilegalidade ou inconstitucionalidade, sendo, portanto, de aplicação difusa e pacífica".
Ouvido sobre a questão, o mnistro das finaças disse: "Na verdade, modéstia à parte, é um golpe de génio, pois de um só golpe conseguimos tosquiar o rebanho sem que ele dê por isso ou sem que se importe com isso, mantendo, por outro lado, a competitividade da economia, pela manutenção de uma qualidade de vida à carneirada nacional totalmente compatível com a chinesa que, como se sabe, também é tratada a palha de refugo".

A CARNEIRADA

-... pois é, caros amigos orientais, nós lá em Portugal temos mão-de-obra altamente qualificada, os nossos produtos têm uma qualidade ímpar, e tudo isto apesar de ainda estar em curso o choque tecnológico e de o ensino público estar a caminho da excelência, pelo que temos ampla margem de progressão e blá blá blá, de blá blá, pois blá blá blá
- Oh! xiling pung! (tradução: Oh! Muito bem!) clap, clap, clap (palmas, muitas palmas)

- (Viste, pinheiro, como é que se enganam estes gajos?)
- (É pá, ó anaximandro, vou também botar discurso e (hic) vais ver como sou capaz de cativar investimento a dar com um pau (hic)!)
- (Ouve lá... tás com soluços?)
- (quem, eu?! ...é...é... do frio...)
- (Bem, bem... já sabes que não deves beber antes dos discursos, que te foge a boca para a verdade...)

- binjau achi gum pinheiro (tradução: vai falar o sr pinheiro)

- Caros amigos. Portugal é hoje um país fortemente competitivo (hic). Na verdade, tem custos salariais mais baixos do que a média da União Europeia e há pouca pressão para o aumento desses custos (hic)!
- (xlim pung piao?) (tradução: O que é que ele tá a dizer?)
- (pong xung Portugal yang xiau ping) (tradução: Diz que em Portugal a carneirada come palha e não se importa)
-Oooooooohhhhhhhh!!!!!!!!!!!!

quarta-feira, janeiro 24, 2007

LEGISLAR MELHOR

Legislar melhor.
Têm alguma ideia?
Quer dizer: Um gajo lê isto e pensa "é pá, legislar melhor é do que precisamos, quer o inocente cidadão (o malvado também, já agora...) especialmente a malta que trabalha nas obras (judiciárias, claro está) e que dá o litro e o resto pela interpretação de certas normas (vá lá, vamos chamar-lhes assim...) que Deus me livre!!! e que foram feitas com instrumentos de precisão, ou seja, marretas de 12 Kg!!!".
É o cum gajo pensa!
E foi o que eu pensei quando li no Diário da República Electrónico o titulo-zinho "Programa Legislar Melhor"!
Vai daí, comecei a ler o texto-zinho por debaixo do título e que reza assim:

• O Diário da República é editado por via electrónica, mantendo-se a edição impressa da 1.ª série apenas para assinantes particulares que a subscrevam a custo real.
• O acesso universal e gratuito à edição electrónica do Diário da República é um serviço público, com possibilidade de impressão, arquivo e pesquisa dos actos publicados, sem restrições para o cidadão.
• Desde 15 de Setembro de 2006, o sítio da Internet do Diário da República passa a integrar o acesso às bases de dados do DIGESTO.
• É disponibilizado um serviço de assinaturas de informação de valor acrescentado, mediante pagamento, estando disponível para consulta a tabela de preços a vigorar em 2007.
• Os actos sujeitos a publicação nas 1.ª e 2.ª séries do Diário da República devem ser transmitidos por via electrónica e indicar, entre outros dados, o sumário do conteúdo do acto.


Se alguém tinha dúvidas, eis como legislar melhor!!!

E eu que pensava que legislar melhor era...
Não interessa. Não vamos agora falar da minha ingenuidade...

sábado, janeiro 13, 2007

RADIOGRAFIA A LA MINUTE

Porque não funcionam os tribunais?
Têm vindo a ser apontadas inúmeras razões.
Todas válidas.
Cada uma mais válida que a anterior.
O diagnóstico parece estar feito.
Mas a resposta tem, a meu ver, duas vertentes:

Uma primeira: As pendências processuais, decorrentes da litigiosidade "natural" são, em regra, superiores à capacidade de resposta do sistema instalado.
E no topo do sistema está o juiz, pois são os juízes que julgam e, em regra, põem termo ao processo, o que significa que sem juízes não há sentenças.
Em síntese, o fluxo de processos, de casos a julgar, é superior à capacidade de resposta do sistema.

Uma segunda vertente, tem a ver com o aumento das pendências decorrente das soluções processuais vigentes.
Umas são oboletas porque já não respondem às necessidades actuais, face às mudanças sociais, económicas, políticas, etc, entretanto ocorridas desde a sua adopção, por vezes há décadas (exemplo, o processo civil e a sua tramitação);
Outras, por serem más soluções, quantas vezes avulsa e apressadamente tomadas, que ao invés de agilizar o sistema e ser solução são antes problema, por se transformarem num monstro burocrático-processual sem préstimo ao fim em vista (exemplo: a solução encontrada para as execuções).

Por uma e por outra dessas portas entram, maioritariamente, os garrotes do sistema.
O que resulta, com o passar dos anos, em demasiadas pendências para poucos juízes, num quadro de leis processuais obsoletas, que colocam sobre o tribunal o trabalho hercúleo e sem préstimo, porque desnecessário, de verdadeiramente perder tempo em meandros burocráticos processuais, construindo um processo, despacho a despacho, termo a termo, diligência a diligência, para no fim e só lá bem no fim, poder então dizer o direito, decidindo a causa.

Perante isto, o que faz o poder político?
Actua em duas vertentes:
No crime, por razões óbvias ("ai jesus que me escutaram o telefone e me prenderam preventivamente e eu nem estava habituado pois julgava que isto 'era a da Joana' e a justiça era só para os outros e nós os do colarinho branco eramos intocáveis e tal...")
Pois...
No mais:
- Veio um tímido regime experimental (Dec.-Lei nº 108/2006, de 8 de Junho), que entendo ser de louvar e só peca por não ser mais abrangente (aqui sim, pode, a meu ver, radicar uma das vertentes de uma grande mudança de que o sistema carece, no sentido da sua agilização. Veremos de haverá coragem para o transformar numa nova filosofia processual abrangente);
- Virá a reorganização judiciária. É uma espécie de vira o disco e toca o mesmo. E ainda por cima, parece assentar numa ideia de que o sistema está de rastos porque há juízes a mais em alguns tribunais, sendo certo que há de menos noutros.

Veremos se não é uma forma hábil de destruir o princípio da inamovibilidade do juiz (princípio colocado em favor da segurança do sistema de justiça e da independência do tribunal, entenda-se!, que não em favor do juiz).

Parece ser esta, grosso modo, a acção político-governativa na área da justiça.
Veremos que resultados serão alcançados com essas mudanças.
Mas não esqueçam, caros amigos: qualquer solução produz efeito apenas vários anos após a sua implementação, já que é preciso não esquecer as actuais pendências que, em qualquer cenário, ficarão entretanto por aí a rebolar e a atormentar-nos, interferindo mesmo com a eficácia de um novo modelo nos seus anos iniciais de implementação.
A menos que alguém lhe encontre solução diferenciada e específica.

quinta-feira, janeiro 04, 2007

PARA QUE SERVEM OS TRIBUNAIS?

Resposta fácil: Para administrar a justiça em nome do povo (pelo menos, é o que está na CRP).

Sendo assim, aos tribunais deveriam ser submetidas as questões a dirimir.

Mas, não é isso que acontece?

Não!

Exceptuando o penal, que pela sua natureza diversa e específica, não entra nesta lógica, aos tribunais, v.g. em matéria administrativa, tributária, laboral, civil, não são submetidas as questões a dirimir.

Homessa!!!

É verdade! Os tribunais que julgam as apontadas matérias, em Portugal, não administram justiça em nome do povo!

"Vamos embora, Jaquina, queste gajo tá parvo!"

Oi, oi, oi... calma, amigos, calma...

Pois é: Quando o tribunal alcança um sentença já passaram anos e anos e... uma justiça tardia é um injustiça! É inaceitável!

Para que serve o tribunal?

Para administrar a justi.... blá blá blá... sim, sim já sabemos!

Mas para quê?

Para dizer o direito.

É para isto que serve um tribunal: Para dizer o direito que cabe a cada um.

Então, por que carga de água é que passam cerca de 80% do seu tempo a "construir um processo" para no fim poder, então, e só no fim de anos de "construção", dizer o direito de cada uma das partes?

Ninguém sabe!

Do que não há dúvida no meu espírito é que o regime vertido no Dec.-Lei nº 108/2006, de 8 de Junho, se aproxima do modelo de tribunal que me parece mais distante de uma fábrica de processos (ou de encher chouriços. Ou de partir pedra) e mais próximo de um tribunal que deve dizer, com celeridade, o direito em cada caso concreto.

Além disso, no actual modelo de tribunal-pedreira o processo é Kafkiano, ou seja, acaba por ser um fim em si mesmo.
Como também acaba por ser uma arma de arremesso.
Utilizada tanto pelo juiz, como pelo MºPº e pelas partes (entenda-se advogados).

Ora, os tribunais devem julgar.

Por isso, os casos a submeter-lhes devem, tanto quanto possível e desejável, estar próximos dos termos finais em que cada uma das partes assenta a sua tese jus-petitória.

Os tribunais devem apenas julgar causas.

A eventual instrução, quando não inexistente (porque prévia e fora do tribunal, v.g. pelos advogados da causa, antes de a apresentar a tribunal) deverá ser mínima e apenas na medida em que aos causídicos esteja vedada actividade instrutória de carácter judicial.

Enquanto nos tribunais
se partir pedra e encher chouriços, não passarão estes de um mero processador industrial de monstros burocráticos, agora sem préstimo, mas que dantes serviam para computar a parte emolumentar de cada um dos intervenientes...

Foram-se os emolumentos, ficou a burocracia e o poder que a mesma representa.

Hábitos velhos, obsoletos, anacrónicos, mas que se colam aos dedos e às mentes...

DIZ QUE É UMA ESPÉCIE DE GOVERNO

O maior cá do nosso burgo veio agora dizer que é preciso executar.
O que significa que não foi antes executado.
Mas isso já nós sabíamos.


Para que serve um governo?
Ui! Para milhões de merdas!
Mas eu gostaria que servisse para conduzir, no que lhe compete, o grupo social do qual emana, o chamado povo, o povo todo!, por uma via que tendencialmente aponte à construção de um sistema onde todos e cada um dos seus elementos possa, em liberdade, exercer as suas competências individuais e colectivas em ordem à sua realização como pessoas, como cidadãos, como profissionais, como... simplesmente como seres humanos.

Da maneira como está estruturado o país, não me parece que resulte melhoria significativa.
"Se continuares a fazer o que tens vindo a fazer, obterás o que tens vindo a obter", dizem os chineses, que são mais espertos do que os portugueses ( a esmagadora maioria), pois basta ver que os chineses arrecadam euros a troco de bugigangas sem préstimo, sem conta, peso ou medida.

Aliás, tal como no caso dos fundos estruturais europeus.
Uns quantos (espertos, mas da classe dos chicos) arrecadaram escudos e euros a troco de nada ou quase nada.

O resto, pena e amocha!

E parece que não é possível (?) admissível (?) fazer melhor!

Porquê?
Porque este é o melhor de todos os sistemas.
Ninguém tem legitimidade (moral?) para contestar um governo democraticamente eleito.

"Ah e tal... o governo é uma merda!"
"Ouve lá, é uma merda mas foi democraticamente eleito, pá! Não podes fazer nada!".
"Fosca-se, meu! Yahh! Que cena!"
"Yahhh, meu! Nasceste para sofrer."
"Ouve lá, é preciso é um governo mesmo governo, tás a ver?"
"E tu sabes onde é que há um governo mesmo governo? Um governo que seja tão governo tão governo que governe? e que governe bem? Sabes? SABES?"
"Não!"
"Então CALA-TE!!!".